Primeira leitura
Do Livro do Deuteronômio 31,1–15.23
A última palavra de Moisés
Moisés falou estas palavras a todo Israel. E acrescentou: “Tenho hoje cento e vinte anos. Não posso mais ser chefe, e o Senhor me disse: ‘Não atravessarás este Jordão’. Quem vai atravessar à tua frente é o próprio Senhor teu Deus. Ele mesmo exterminará estas nações da tua frente e as conquistará. E Josué atravessará à tua frente, conforme o Senhor te falou. O Senhor as tratará do mesmo modo que tratou Seon e Og, os reis amorreus, e a terra deles, que ele reduziu a ruínas. O Senhor as entregará a vós e as tratareis conforme os mandamentos que vos ordenei. Sede fortes e corajosos! Não tenhais medo e nem fiqueis aterrorizados diante delas, porque o Senhor teu Deus é quem vai contigo! Ele nunca te deixará, jamais te abandonará!” Moisés chamou, então, a Josué e, em presença de todo Israel, disse-lhe: “Sê forte e corajoso, pois tu entrarás com todo este povo na terra que o Senhor jurara dar aos seus pais, e tu os farás herdá-la. O próprio Senhor irá à tua frente. Ele estará contigo! Nunca te deixará, jamais te abandonará! Não tenhas medo, nem te apavores!” Moisés escreveu então esta Lei e deu-a aos sacerdotes, os filhos de Levi, que carregavam a Arca da Aliança do Senhor, como também a todos os anciãos de Israel. E Moisés ordenou-lhes: “No fim de cada sete anos, precisamente no ano da remissão, durante a festa das Tendas, quando todo Israel vier apresentar-se diante do Senhor teu Deus no lugar que ele tiver escolhido, tu proclamarás esta Lei aos ouvidos de todo Israel. Reúne o povo, os homens e as mulheres, as crianças e o estrangeiro que está em tuas cidades, para que ouçam e aprendam a temer ao Senhor vosso Deus, e cuidem de pôr em prática todas as palavras desta Lei. E seus filhos que ainda não sabem ouvirão e aprenderão a temer ao Senhor vosso Deus, todos os dias em que viverdes sobre o solo do qual ides tomar posse ao atravessardes o Jordão.” O Senhor disse então a Moisés: “Eis que os dias da tua morte se aproximam. Chama Josué, e apresentai-vos na Tenda da Reunião, para que eu lhe dê minhas ordens”. Moisés e Josué foram à Tenda da Reunião. O Senhor apareceu na Tenda, numa coluna de nuvem; e a coluna de nuvem se deteve à entrada da tenda. Ordenou, então, a Josué, filho de Nun: “Sê forte e corajoso, pois tu introduzirás os israelitas na terra que eu lhes havia prometido; quanto a mim, eu estarei contigo!”
Responsório Dt 31,7.8;Pr 3,26
R. Sê forte e corajoso,
pois o Senhor teu Deus
* É o teu guia e quem estará contigo.
Por isso, não temas nem te acovardes.
V. O Senhor ficará ao teu lado,
e guardará o teu pé da armadilha!
* É o teu guia.
Segunda leitura
Do Comentário sobre os Salmos, de São João Fisher, bispo e mártir
(Ps. 101: Opera omnia, ed. 1597, pp. 1588–1589)
As maravilhas de Deus
Primeiro, Deus libertou o povo de Israel da escravidão do Egito, realizando muitos portentos e prodígios. Abriu- lhes o mar Vermelho, para que o atravessassem a pé enxuto; no deserto, alimentou-os com um alimento vindo do céu, o maná e as codornizes; para os que sofriam sede, fez jorrar da pedra duríssima uma fonte de água inesgotável; deu-lhes a vitória sobre os inimigos que lhes moviam guerra; fez com que o Jordão, cujas águas eram um obstáculo para eles, retivesse por um momento o seu curso; dividiu e repartiu a terra prometida entre as tribos e as famílias. No entanto, aqueles homens ingratos, esquecendo tais benefícios, concedidos com tanto amor e generosidade, abandonaram e repudiaram o culto do Deus verdadeiro para se entregarem, não poucas vezes, ao crime abominável da idolatria. Em seguida, também a nós, quando éramos ainda pagãos e nos deixávamos levar, conforme nossas tendências, para os ídolos mudos (cf. 1Cor 12,2), Deus nos cortou da oliveira selvagem do paganismo, a que pertencíamos por natureza. Enxertou-nos na verdadeira oliveira do povo judeu, podando alguns dos seus ramos naturais, e nos ligou às raízes fecundas da sua graça. Finalmente, ele não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós (Rm 8,32), como oferenda e sacrifício de suave odor (Ef 5,2), para nos resgatar de toda iniquidade e purificar para si um povo que lhe pertença (Tt 2,14). Todos esses indícios são provas indubitáveis do amor e da bondade que Deus tem para conosco. No entanto, como homens sem gratidão, ultrapassando mesmo todos os limites da ingratidão, não temos consideração alguma para com o seu amor, nem reconhecemos a amplidão dos seus benefícios. Antes desprezamos o generoso autor de tão grandes bens e não lhe damos quase nenhum valor. Nem sequer a imensa misericórdia que ele demonstra continuamente para com os pecadores nos incita a regrar nossa vida e nossa conduta, conforme seus santos preceitos. Todas estas maravilhas são certamente dignas de serem escritas para perpétua memória das gerações futuras. E assim, todos aqueles que vierem a usar o nome de cristão, reconheçam a infinita bondade de Deus para conosco e nunca cessem de celebrar os louvores divinos.
Responsório Sl 67(68),27;95(96),1
R. Bendizei o nosso Deus em festivas assembleias!
* Bendizei nosso Senhor, descendentes de Israel!
V. Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira!
* Bendizei.
Oração
Concedei-nos, ó Deus todo-poderoso, que, purificados pelo esforço da penitência, cheguemos de coração sincero às festas da Páscoa que se aproximam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.