Primeira leitura
Do Livro do Profeta Isaías 11,10–16
O retorno do resto do povo de Deus
10Naquele dia, a raiz de Jessé, que se ergue como um sinal para os povos, será procurada pelas nações, e a sua morada se cobrirá de glória. 11Naquele dia, o Senhor tornará a estender a sua mão para resgatar o resto do seu povo, a saber, aquilo que restar na Assíria e no Egito, em Patros, em Cuch e no Elam, em Senaar, em Emat, nas ilhas do mar. 12Ele erguerá um sinal para as nações e reunirá os banidos de Israel. Ajuntará os dispersos de Judá dos quatro cantos da terra. 13Cessará o ciúme de Efraim, os adversários de Judá serão exterminados. Efraim não tornará a ter ciume de Judá, e Judá não voltará a hostilizar a Efraim. 14Ambos atirar-se-ão sobre os filisteus ao ocidente, juntos despojarão os filhos do oriente. Edom e Moab se sujeitarão ao seu domínio e os filhos de Amon se lhes submeterão. 15O Senhor secará a baía do mar do Egito, ele agitará a sua mão contra o Rio, com a violência do seu sopro. Dividi-lo-á em sete canais, permitindo que seja atravessado até com sandálias 16Haverá um caminho para o resto do seu povo, para o que restar da Assíria, como houve um caminho para Israel no dia em que subiu da terra do Egito.
Responsório Is 5,26;56,8;55,13
R. O Senhor dará um sinal a um povo distante,
* E reunirá os dispersos de Israel.
V. Isto trará renome ao Senhor e um sinal eterno,
que nunca será extirpado:
* E reunirá.
Segunda leitura
Do Comentário sobre o Profeta Isaías, de São Cirilo de Alexandria, bispo
(Lib. 3, t. 5: PG 70,850–851)
(Séc. V)
Somos chamados cristãos e colocamos
em Cristo toda nossa esperança
O Verbo, nascido da Virgem, sempre foi e será Rei e Senhor do universo. Mas, depois que se fez homem, assumiu a condição humana. Assim podemos crer, sem a mínima dúvida, que se tornou semelhante a nós. Por isso, quando se diz que lhe foi dado poder sobre todas as coisas, devemos entendê-lo de sua natureza humana, e não de sua condição divina, pois esta já o tornava Senhor do universo. É chamado Jacó ou Israel por ter nascido, segundo a natureza humana, da raça de Jacó, que tem o nome de Israel. É dito, pois: Jacó, meu servo, que eu amparo; Israel; meu eleito, ao qual dou toda a minha afeição (Is 42,1). O Pai cooperava com o Filho, que realizava coisas maravilhosas como provindas de seu próprio poder. Ele é verdadeiramente o eleito, porque é o mais belo entre os filhos dos homens, objeto da complacência e do amor de Deus Pai, que nele encontra seu repouso. Pois disse: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo (Mt 3,17).
O Filho foi ungido como homem, e recebeu o Espírito Santo, podendo também transmiti-lo e santificar os homens; o Pai o declara quando diz: Faço repousar sobre ele o meu Espírito (Is 42,1). Quando Jesus foi batizado, desceu do céu o Espírito, em forma de pomba, e pairou sobre ele. Se recebeu o Espírito por ocasião do batismo, foi enquanto homem. Não foi santificado como Deus ao receber o Espírito, — pois ele é o santificador — mas enquanto assumiu forma humana em vista da redenção. Foi ungido, portanto, para que pudesse julgar os povos. Vê-se por estas palavras que o seu julgamento é justo. Pois justificou os povos, depois de condenar Satanás, que detinha injustamente tal poder. Isso ele mesmo nos ensina, ao dizer: É agora o julgamento deste mundo; agora o príncipe deste mundo será lançado fora; e, quando eu for elevado da terra, atrairei tudo a mim (Jo 12,31–32).
Condenou, pois, aquele que invadira a terra, e salvou pelo santo julgamento aqueles que tinham sido iludidos. Mas não clamará, não levantará a voz, não fará ouvir a sua voz pelas ruas (Is 42,2). O Senhor e Salvador de todos viveu em total submissão e humildade, sem alarde, mas em silêncio e quietude, a fim de não quebrar o caniço rachado nem extinguir a mecha que ainda fumegava (cf. Is 42,3).
Que vai ele fazer e o que dará aos povos? Proclamará a justiça com verdade. Justiça parece aqui significar a Lei. Pois está escrito a respeito de Deus, o Senhor de Israel e do mundo: Sois vós que exerceis em Jacó o direito e a justiça (Sl 98,4). Assim proclamou, por meio das palavras do Evangelho, o direito e a lei contidos em sombras e figuras, revelando o gênero de vida que lhe agradava e transformando em verdade o culto da lei, antes observada apenas na letra.
O Evangelho, pois, foi pregado por toda a terra, e realizou as profecias que o anunciavam. Está escrito: Vossa justiça é justiça para sempre, e vossa lei é a verdade (Sl 118,142). No seu nome, diz, as nações porão sua esperança (Mt 12,21). Pois reconhecendo-o como verdadeiro Deus, embora manifestado na carne, põem nele sua esperança, como diz o salmista: Exulta todo o dia com vosso nome (Sl 88,17). Somos chamados cristãos, e colocamos em Cristo toda nossa esperança.
Responsório Cf. Mq 4,9;Is 40,27
R. Jerusalém, chegará logo a tua salvação. Agora por que gritas?
* Acaso desapareceram os teus conselheiros,
para que a dor se apodere de ti?
Não temas, eu te salvarei e te libertarei.
V. Por que dizes tu, Jacó, e por que afirmas, Israel:
O meu caminho está oculto ao Senhor;
o meu direito passa despercebido a Deus?
* Acaso desapareceram os teus.
Oração
Despertai, Senhor, vosso poder e vinde, para que vossa proteção afaste os perigos a que nossos pecados nos expõem, e a vossa salvação nos liberte. Vós, que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo.