(Comemora-se na sexta-feira da semana seguinte à que é comemorada a solenidade do Corpo e Sangue de Cristo)
Primeira leitura
Da Carta de São Paulo aos Romanos 8,28-39
O amor de Deus manifesta-se em Cristo.
Irmãos,28nós sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam, daqueles que são chamados segundo o seu desígnio. 29Porque os que de antemão ele conheceu, esses também predestinou a serem conformes à imagem do seu Filho, a fim de ser ele o primogênito entre muitos irmãos. 30E os que predestinou, também os chamou; e os que chamou, também os justificou, e os que justificou, também os glorificou.
31Depois disto, que nos resta a dizer? Se Deus está conosco, quem estará contra nós? 32Quem não poupou o seu próprio Filho e o entregou por todos nós, como não nos haverá de agraciar em tudo junto com ele? 33Quem acusará os eleitos de Deus? É Deus quem justifica. 34Quem condenará? Cristo Jesus, aquele que morreu, ou melhor, que ressuscitou, aquele que está à direita de Deus e que intercede por nós?
35Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? 36Segundo está escrito: Por sua causa somos postos à morte o dia todo, somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro.
37Mas em tudo isto somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou.
38Pois estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem os poderes, 39nem a altura, nem a profundeza, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Responsório Ef 2,5.4b.7a
R. Quando estávamos mortos por nossos pecados,
deu-nos vida em seu Cristo,
* Pelo amor sem limites com que Deus nos amou.
V. A fim de mostrar, nos tempos vindouros,
a imensa riqueza da graça de Cristo.
* Pelo amor.
Segunda leitura
Das “Homilias sobre a Carta aos Romanos”, de São João Crisóstomo, bispo
(15,1-2)
(Séc. IV)
Imensa é a bondade de Deus,
que não poupou o seu Filho
Aqueles que ele desde o princípio os conheceu, também os predestinou a serem conformes à imagem do seu Filho (Rm 8,29). Vê qual é o cume da sua glória? Aquilo que o Unigênito é por natureza, eles assim se transformam pela graça. Porém não lhes foi suficiente ter-lhes dito dessa forma, acrescentou algo mais ainda, dizendo: para que ele seja o primogênito entre muitos irmãos (Rm 8,29), querendo com isso mostrar um parentesco manifesto sob cada aspecto.
Creio firmemente que tudo isso se refira à encarnação: na verdade, segundo a natureza divina ele é o Unigênito.
Vê quantas e quais coisas ele nos deu? Não se pode portanto ter dúvidas para o futuro; também em outro lugar mostra-nos a sua solicitude, quando nos revela que todas essas coisas estavam já, a um tempo, prefiguradas. Na verdade, os homens mudam o seu juízo sobre um mesmo argumento de acordo com as circunstâncias, mas o pensamento de Deus permanece imutável em todos os séculos e o seu comportamento para conosco permanece sempre cheio de bondade; por isso nos disse: Os que chamou, também os justificou (Rm.8,30): justificou-os regenerando-os com o batismo. E os que justificou, também os glorificou (Rm 8,30). Glorificou-os com a graça da adoção, tornando-os seus filhos. O que diremos então? (Rm 8,31). Como dissesse: não me falem mais de perigos, nem das insídias que provêm de qualquer lugar. Mesmo que alguns não creiam nas realidades futuras, não podem negar, porém, todos os bens que receberam; por exemplo, tu não podes duvidar do amor de Deus por ti, da justificação, da glória.
Tudo isso foi dado a ti através das coisas que pareciam amar, e aquilo que tu consideravas humilhante: a cruz, os flagelos, as cadeias, é justamente isso que restituiu à ordem primitiva todo o universo. Como, pois, ele se serviu das coisas que padeceu, porquanto parecessem funestas, para dar a liberdade e a salvação a toda a natureza, agindo assim naquilo que tu sofres, servindo-se disso para oferecer-te glória e esplendor.
Se Deus é por nós, quem será contra nós? (Rm 8,31). Contra o fiel que está atento à lei de Deus nada podem nem o homem, nem o demônio, nem qualquer outro poder. Se lhe tiras dinheiro, preparas a sua vantagem; se falas mal dele, justo pela tua maledicência, o tornas mais esplêndido diante de Deus; se tu o reduzes à fome, maior será a sua glória e a sua recompensa; se ainda, e isto é algo julgado mais grave, o entregas à morte, tece-lhe a coroa do martírio. O que será então comparável a essa vida, na qual nada pode atingi-lo, se também aqueles que parecem enganá-lo não são menos úteis do que aqueles que o cobrem de benefícios? Por isso disse: Se Deus é por nós, quem será contra nós? (Rm 8,31).
Depois, não contente de tudo o que já havia dito, como sinal máximo do amor do Pai para conosco, e que frequentemente nos repete, acrescenta também isso: a morte do Filho. Não somente, disse, te justificou e glorificou e tornou-te conforme à sua imagem, mas não poupou nem mesmo o seu Filho por ti. Portanto: Ele que não poupou o próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará todas as coisas junto com ele? (Rm 8,32). Como poderia abandonar-nos se não poupou o seu Filho, mas o deu por todos nós? Pensa, que grande bondade foi aquela, para não poupar o seu Filho, mas o entregar à morte e entregá-lo por todos: pelos vis, pelos ingratos, pelos inimigos, pelos blasfemadores. Como não nos dará todas as coisas junto com ele? (Rm.8,32).
Ou seja: se ele nos deu o seu Filho, não somente isso, mas se também o deu até à morte por nós, do que temes tu por todo o resto, depois de ter recebido o Senhor? Como podes duvidar dos outros bens se possuis o Senhor de todos os bens?
Responsório Jo 6,57; cf. Si 15,3
R. Como o Pai, que tem a vida,
enviou-me e eu vivo pelo Pai,
* Assim também aquele que come a minha carne viverá por mim.
V. O Senhor o nutrirá com o pão da vida e da inteligência:
* Assim também.
Hino
TE DEUM
Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, alegrando-nos pela solenidade do Coração do vosso Filho, meditemos as maravilhas de seu amor e possamos receber, desta fonte de vida, uma torrente de graças. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.