Sábado depois da Epifania
Primeira leitura
Do Livro do Profeta Isaías 66,10-14.18-23
A salvação universal
10 Alegrai-vos com Jerusalém e exultai com ela
todos vós que a amais;
tomai parte em seu júbilo
todos vós que choráveis por ela,
11 para poderdes sugar e saciar-vos
ao seio de sua consolação,
e aleitar-vos e deliciar-vos
aos úberes de sua glória.
12 Isto diz o Senhor:
Eis que farei correr para ela a paz como um rio
e a glória das nações como torrente transbordante.
Sereis amamentados, carregados ao colo
e acariciados sobre os joelhos.
13 Como uma mãe que acaricia o filho,
assim eu vos consolarei;
e sereis consolados em Jerusalém.
14 Tudo isso haveis de ver e o vosso coração exultará,
e o vosso vigor se renovará como a relva do campo.
A mão do Senhor se manifestará em favor de seus servos
e ele se indignará contra seus inimigos.
18 Eu que conheço suas obras e seus pensamentos,
virei para reunir todos os povos e línguas;
eles virão e verão minha glória.
19 Porei no meio deles um sinal,
e enviarei, dentre os que foram salvos,
mensageiros para os povos de Társis,
Fut, Lud, Mosoc, Ros, Tubal e Javã,
para as terras distantes,
e, para aquelas que ainda não ouviram falar em mim
e não viram minha glória.
Esses enviados anunciarão às nações minha glória,
20 e reconduzirão, de toda parte,
até meu santo monte em Jerusalém,
como oferenda ao Senhor, irmãos vossos,
a cavalo, em carros e liteiras,
montados em mulas e dromedários
– diz o Senhor –
e como os filhos de Israel, levarão sua oferenda
em vasos purificados para a casa do Senhor.
21 Escolherei dentre eles alguns
para serem sacerdotes e levitas, diz o Senhor.
Responsório Is 66,18.19; Jo 17,6.18
R. Eis que venho reunir todas as línguas e nações:
* Hão de ver a minha glória e anunciá-la entre os povos.
V. Ó Pai, manifestei ao mundo o teu nome,
a todos que, do mundo, tu me deste e que são teus:
como tu me enviaste, assim eu os enviei. * Hão de ver.
Segunda leitura
Dos Sermões de São Fausto de Riez, bispo
(Sermo 5, de Epiphania 2: PLS 3, 560-562)
(Séc. V)
As núpcias de Cristo e da Igreja
No terceiro dia, houve um casamento (Jo 2,1). Que casamento é este senão as promessas e as alegrias da salvação humana, insinuada no significado místico do número três, quer em referência à proclamação da Trindade quer à fé na ressurreição do Senhor ao terceiro dia? No mesmo sentido se lê também noutra passagem do Evangelho, que o regresso do filho pródigo, símbolo da conversão dos pagãos, foi celebrado com música, danças e vestes nupciais.
Por isso, como um esposo que se levanta do quarto nupcial (Sl 18,6), Cristo veio à terra a fim de unir-se pela encarnação à Igreja em que haviam de reunir-se os povos pagãos. Deu-lhe penhor e dote: penhor, quando Deus se uniu ao homem; dote, quando se imolou pela salvação do homem. Pelo penhor, entendemos a presente redenção; pelo dote, a vida eterna. Tudo isso eram milagres para os que viam; e mistério para os que compreendiam seu sentido. Se considerarmos com atenção, veremos que a própria água, transformada em vinho, nos apresenta, de certo modo, a imagem do batismo e da vida nova. De fato, quando algo se transforma interiormente, quando uma criatura passa de um estado inferior a outro melhor por uma íntima mudança, realiza-se o mistério de um segundo nascimento. As águas são repentinamente transformadas, para em seguida transformar os homens.
Na Galiléia, por intervenção de Cristo, a água transformou-se em vinho, quer dizer, cessa a lei e sucede-lhe a graça; as sombras são desfeitas e a verdade se manifesta; as coisas materiais cedem às espirituais; a lei antiga se transforma no Novo Testamento. Como diz o Apóstolo, o mundo velho desapareceu; tudo agora é novo (2Cor 5, 17). E assim como a água contida nas talhas nada perde do que era e começa a ser o que não era, também a lei não deixa de existir, mas se aperfeiçoa com a vinda de Cristo.
Tendo faltado uma qualidade de vinho, serviu-se outra. É certamente bom o vinho do Antigo Testamento, mas o do Novo é melhor. O Antigo Testamento, que os judeus observam, dilui-se na letra; o Novo, que seguimos, tem o sabor da vida da graça. Considera-se bom vinho o bom preceito da lei, quando ouves: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo (Mt 5,43). Melhor, contudo, e mais forte é o vinho do Evangelho, quando ouves: Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem (Mt 5,44).
Responsório Cf. Tb 13,11.13-14; Lc 13,29
R. Ó Cidade do Senhor, brilharás qual luz fulgente:
e hão de honrar-te os povos todos;
hão de vir nações de longe:
* Com presentes adorar, em teu meio, o Senhor Deus.
V. Virão muitos do oriente, ocidente, norte e sul.
* Com presentes.
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, pelo vosso Filho nos fizestes nova criatura para vós. Dai-nos, pela graça, participar da divindade daquele que uniu a vós a nossa humanidade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.