Primeira leitura
Da Carta aos Hebreus 10,11–25
Perseverança na fé
Todo sacerdote se apresenta, a cada dia, para realizar suas funções e oferecer com frequência os mesmos sacrifícios, que são incapazes de eliminar os pecados. Ele, ao contrário, depois de ter oferecido um sacrifício único pelos pecados, sentou-se para sempre à direita de Deus. E então espera que seus inimigos venham a lhe servir de escabelo para os pés. De fato, com esta única oferenda, levou à perfeição, e para sempre, os que ele santifica. É isso o que também nos atesta o Espírito Santo, porque, depois de ter dito: Eis a aliança que realizarei com eles, depois daqueles dias, o Senhor declara: Pondo as minhas leis nos seus corações e inscrevendo-as na sua mente, não me lembrarei mais dos seus pecados, nem das suas iniquidades. Ora, onde existe a remissão dos pecados, já não se faz a oferenda por eles. Sendo assim, irmãos, temos toda a liberdade de entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus. Nele temos um caminho novo e vivo, que ele mesmo inaugurou através do véu, quer dizer: através da sua humanidade. Temos um sacerdote eminente constituído sobre a casa de Deus. Aproximemo- nos, então, de coração reto e cheios de fé, tendo o coração purificado de toda má consciência e o corpo lavado com água pura. Sem esmorecer, continuemos a afirmar a nossa esperança, porque é fiel quem fez a promessa. Velemos uns pelos outros para nos estimularmos à caridade e às boas obras. Não deixemos nossas assembleias, como alguns costumam fazer. Procuremos, antes, animar-nos sempre mais, à medida que vedes o Dia se aproximar.
Responsório Hb 9,15;10,20.19;Cf. 1Pd 3,22
R. Cristo é mediador de uma nova aliança.
* Ele nos abriu um caminho novo e vivo,
através da sua humanidade, para entrar no Santuário.
V. Ele está à direita de Deus, depois de ter vencido a morte
para tornar-nos herdeiros da vida eterna.
* Ele nos abriu.
Segunda leitura
Dos Sermões de São Leão Magno, papa
(Sermo 15, De passione Domini, 3–4: PL 54,366–367)
Contemplemos a paixão do Senhor
Quem venera realmente a paixão do Senhor deve contemplar de tal modo, com os olhos do coração, Jesus crucificado, que reconheça na carne do Senhor a sua própria carne. Trema a criatura perante o suplício de seu Redentor, quebrem-se as pedras dos corações infiéis e saiam, vencendo todos os obstáculos, os que jaziam debaixo de seus túmulos. Apareçam também agora na Cidade santa, isto é, na Igreja de Deus, como sinais da ressurreição futura, e realize-se nos corações o que um dia se realizará nos corpos. A nenhum pecador é negada a vitória da cruz, e não há homem a quem a oração de Cristo não ajude. Se foi proveitosa para muitos dos que o perseguiam, quanto mais não ajudará os que a ele se convertem? Foi eliminada a ignorância da incredulidade, foi suavizada a aspereza do caminho, e o sangue sagrado de Cristo extinguiu o fogo daquela espada que impedia o acesso ao reino da vida. A escuridão da antiga noite cedeu lugar à verdadeira luz. O povo cristão é convidado a gozar as riquezas do paraíso, e para todos os batizados está aberto o caminho de volta à pátria perdida, desde que ninguém queira fechar para si próprio aquele caminho que se abriu também à fé do ladrão arrependido. Evitemos que as preocupações desta vida nos envolvam na ansiedade e no orgulho, de tal modo que sejamos impedidos de procurar, com todo o afeto do coração, conformar-nos, a nosso Redentor na perfeita imitação de seus exemplos. Tudo o que ele fez ou sofreu foi para nossa salvação, a fim de que todo o Corpo pudesse participar da virtude da Cabeça. Aquela sublime união da nossa natureza com a sua divindade, pela qual o Verbo se fez carne e veio morar no meio de nós (Jo 1,14), não exclui ninguém da sua misericórdia senão aquele que recusa acreditar. Como poderá ficar fora da comunhão com Cristo quem recebe aquele que assumiu a sua própria natureza e é regenerado pelo mesmo Espírito, por obra do qual nasceu Jesus? Quem não reconhece nele as fraquezas próprias da condição humana? Quem não vê que alimentar-se, buscar o repouso do sono, sofrer angústia e tristeza, derramar lágrimas de compaixão, são ações próprias da condição de servo? E, precisamente para curar a nossa natureza das antigas feridas e purificá-la das manchas do pecado, o Filho Unigênito de Deus se fez também Filho do Homem, de modo que não lhe faltasse nem a humanidade em toda a sua realidade, nem a divindade em sua plenitude. É nosso, portanto, o que jazia morto no sepulcro, o que ressuscitou ao terceiro dia e o que subiu para a glória do Pai, no mais alto dos céus. Se andarmos pelos caminhos de seus mandamentos e não nos envergonharmos de proclamar tudo o que ele fez pela nossa salvação, na humildade do seu corpo, também nós teremos parte em sua glória. Então se cumprirá claramente o que prometeu: Todo aquele, pois, que se declarar por mim diante dos homens, também eu me declararei por ele diante de meu Pai que está nos céus (Mt 10,32).
Responsório 1Cor 1,18.23
R. A pregação da cruz é loucura para os que se perdem,
* Mas para os que são salvos, para nós, é força de Deus.
V. Nós pregamos o Cristo crucificado,
escândalo para os judeus e loucura para os pagãos.
* Mas para.
Oração
Ó Deus, na vossa misericórdia, dirigi os nossos corações, pois sem vosso auxílio não vos podemos agradar. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.