Quinta-feira da Oitava da Páscoa
Primeira leitura
Da Primeira Carta de São Pedro 3,1-17
Imitação de Cristo
1Esposas, submetei-vos aos vossos maridos. Assim, os que ainda não obedecem à Palavra poderão ser conquistados, mesmo sem discursos, pelo comportamento de suas esposas, 2ao observarem a sua conduta casta e respeitosa. 3O vosso adorno não consista em coisas externas, tais como cabelos trançados, jóias de ouro, vestidos luxuosos, 4mas na personalidade que se esconde no vosso coração, marcada pela estabilidade de um espírito suave e sereno, coisa preciosa diante de Deus. 5Era assim que se adornavam, outrora, as santas mulheres que colocavam sua esperança em Deus: eram submissas aos seus maridos. 6Deste modo, Sara obedeceu a Abraão chamando-o seu senhor. Vós vos tornareis filhas de Sara, se praticardes o bem, sem vos deixardes intimidar por ninguém. 7De igual modo, vós, os maridos, convivei de modo sensato com vossas mulheres, tratando-as como um vaso mais frágil, e prestai-lhes a honra devida a co-herdeiras da graça da vida, para que não sejam frustradas as vossas orações.
8Finalmente, sede todos unânimes, compassivos, fraternos, misericordiosos e humildes. 9Não pagueis o mal com o mal, nem ofensa com ofensa. Ao contrário, abençoai, porque para isto fostes chamados: para serdes herdeiros da bênção. 10De fato, quem quer amar a vida e ver dias felizes, guarde a sua língua do mal e seus lábios de falar mentiras. 11Afaste-se do mal e faça o bem, busque a paz e procure segui-la. 12Pois os olhos do Senhor repousam nos justos e seus ouvidos estão atentos à sua prece, mas o rosto do Senhor volta-se contra os malfeitores.
13Ora, quem é que vos fará mal, se vos esforçais para fazer o bem? 14Mas também, se tiverdes que sofrer por causa da justiça, sereis felizes. Não tenhais medo de suas intimidações, nem vos deixeis perturbar. 15Antes, santificai em vossos corações o Senhor Jesus Cristo, e estai sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pedir. 16Fazei-o, porém, com mansidão e respeito e com boa consciência. Então, se em alguma coisa fordes difamados, ficarão com vergonha aqueles que ultrajam o vosso bom procedimento em Cristo. 17Pois será melhor sofrer praticando o bem, se esta for a vontade de Deus, do que praticando o mal.
Responsório Lc 6,22.23a; 1Pd 3,14a
R. Felizes haveis de ser quando os homens vos odiarem,
vos rejeitarem como ignomínia,
por causa do Filho do Homem.
* Alegrai-vos naquele dia e exultai porque será grande,
nos céus, a vossa recompensa. Aleluia.
V. Felizes haveis de ser, se sofrerdes pela justiça.
* Alegrai-vos.
Segunda leitura
Das Catequeses de Jerusalém
(Cat. 20, Mystagogica2, 4-6: PG 33,1079-1082) (Séc.IV)
O Batismo, sinal da paixão de Cristo
Fostes conduzidos à santa fonte do divino Batismo, como Cristo, descido da cruz, foi colocado diante do sepulcro. A cada um de vós foi perguntado se acreditava no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Vós professastes a fé da salvação e fostes por três vezes mergulhados na água e por três vezes dela saístes; deste modo, significastes, em imagem e símbolo, os três dias da sepultura de Cristo.
Assim como nosso Senhor passou três dias e três noites no seio da terra, também vós, na primeira emersão, imitastes o primeiro dia em que Cristo esteve debaixo da terra; e na imersão, a primeira noite. De fato, como aquele que vive nas trevas não enxerga nada, pelo contrário, aquele que anda de dia está envolvido em plena luz. Assim também vós, na imersão, como que mergulhados na noite, nada vistes; mas na emersão, fostes como que restituídos ao dia. Num mesmo instante, morrestes e nascestes, e aquela água de salvação tornou-se para vós, ao mesmo tempo, sepulcro e mãe.
Apesar de situar-se em outro contexto, a vós se aplica perfeitamente o que disse Salomão: Há um tempo para nascer e um tempo para morrer (Ecl 3,2). Convosco sucedeu o contrário: houve um tempo para morrer e um tempo para nascer. Num mesmo instante realizaram-se ambas as coisas e, com a vossa morte, coincidiu o vosso nascimento. Ó fato novo e inaudito! Na realidade, não morremos nem fomos sepultados nem crucificados nem ainda ressuscitamos. No entanto, a imitação desses atos foi expressa através de uma imagem e daí brotou realmente a nossa salvação.
Cristo foi verdadeiramente crucificado, verdadeiramente sepultado e ressuscitou verdadeiramente. Tudo isto foi para nós um dom da graça, a fim de que, participando da sua paixão através do mistério sacramental, obtenhamos na realidade a salvação. Ó maravilha de amor pelos homens! Em seus pés e mãos inocentes, Cristo recebeu os cravos e suportou a dor; e eu, sem dor nem esforço, mas apenas pela comunhão em suas dores, recebo gratuitamente a salvação.
Ninguém, portanto, julgue que o batismo consista apenas na remissão dos pecados e na graça da adoção filial. Assim era o batismo de João que concedia tão-somente o perdão dos pecados. Pelo contrário, sabemos perfeitamente que o nosso batismo não só apaga os pecados e confere o dom do Espírito Santo, mas é também o exemplar e a expressão dos sofrimentos de Cristo. É por isso mesmo que Paulo exclama: Será que ignorais que todos nós, batizados em Jesus Cristo, é na sua morte que fomos batizados? Pelo batismo na sua morte, fomos sepultados com ele (Rm 6,3-4).
Responsório Cf. Ap 7,9
R. São estes os novos cordeiros
que deram o seu testemunho.
Saíram há pouco das águas,
* Resplendentes de luz, aleluia.
V. Estão eles, perante o Cordeiro,
vestidos de cândidas vestes,
com palmas de glória na mão. * Resplendentes.
Hino
Te Deum
Oração
Ó Deus, que reunistes povos tão diversos no louvor do vosso nome, concedei aos que renasceram nas águas do batismo ter no coração a mesma fé e na vida a mesma caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Conheci uma viúva que, quando o marido era vivo, ela sempre o referia, dizendo: o senhor, meu marido...