Quarta-feira depois da Epifania
Primeira leitura
Do Livro do Profeta Isaías 63,7-19
Na aflição o povo recorda a misericórdia de Deus
7 Celebrarei as provas de benevolência do Senhor,
seus feitos gloriosos,
todos os benefícios que o Senhor nos prestou,
sua imensa bondade para com a casa de Israel,
tudo que nos fez na sua misericórdia
e imensa benevolência.
8 Ele disse: “Sim, eles são meu povo,
são filhos que não me decepcionarão!"
Por isso ele os salvou.
9 Em todas as suas angústias, não foi um enviado
ou mensageiro que os salvou,
mas sim ele em pessoa;
foi ele que por amor e compaixão os resgatou,
no passado ele sempre os ergueu e carregou.
10 Eles, porém, se rebelaram
e magoaram seu santo espírito,
e então ele se tornou inimigo,
ele mesmo lhes fez guerra.
11 Então o povo se lembrou dos dias passados,
de Moisés e de seu povo.
Onde está aquele que os fez sair do mar,
onde o pastor do seu rebanho?
Onde está aquele que pôs no meio deles seu santo espírito?
12 Quem fez caminhar à direita de Moisés o braço glorioso, que fendeu as águas à sua frente,
para conquistar um nome eterno?
13 Onde está aquele que os fez caminhar
pelas profundezas do mar como cavalo na estepe,
sem que tropeçassem?
14 Como gado que desce para um vale,
o espírito do Senhor lhes deu repouso.
Foi assim que conduziste o teu povo,
para conquistar um nome glorioso.
15 Olha do céu
e vê do alto de tua santa e gloriosa morada:
Onde estão teu zelo e teu poder?
Teus sentimentos tão ternos, tuas provas de compaixão
para comigo estão reprimidos.
16 Tu és nosso pai, porque Abraão não sabe de nós.
Tu, Senhor, és nosso pai, nosso redentor;
eterno é o teu nome.
17 Senhor, como nos deixaste andar longe de teus caminhos e endureceste nossos corações
para não termos o teu temor?
Por amor de teus servos,
das tribos de tua herança, volta atrás.
18 Eles em pouco tempo dominaram o teu povo santo,
nossos inimigos profanaram o teu santuário.
19 Voltamos ao tempo em que não nos governavas
nem era o teu nome invocado sobre nós.
Ah! se rompesses os céus e descesses!
Os montes se derreteriam diante de ti.
Responsório Is 63,17.19
R. Ó Senhor, por que fazeis com que nós nos desviemos
dos caminhos que indicastes?
Por que vós endureceis o nosso coração,
para que não vos temamos?
* Ah! se os céus rasgar quisésseis, e descêsseis até nós!
V. Voltai por amor dos vossos servos,
e das tribos da vossa herança! * Ah! se os céus.
Segunda leitura
Dos Sermões de São Proclo de Constantinopla, bispo
(Oratio 7 in sancta Teophania, 1-3: PG 65, 758-759)
(Séc. V)
A santificação das águas
Cristo manifestou-se ao mundo e, pondo ordem onde havia desordem, encheu-o de beleza e alegria. Tirou o pecado do mundo e do mundo expulsou o inimigo. Santificou as fontes das águas e iluminou os corações dos homens. Aos milagres, acrescentou milagres ainda maiores. Hoje a terra e o mar repartiram entre si a graça do Salvador, e o mundo inteiro encheu-se de alegria. Este dia nos apresenta maior profusão de milagres que a solenidade anterior. De fato, na precedente festa do nascimento do Salvador, a terra se alegrava por ter o Senhor no presépio; mas neste dia das Teofanias, é o mar que exulta e estremece de júbilo, porque recebeu a bênção santificadora por meio do rio Jordão.
A solenidade passada nos apresentava uma criança frágil, atestando nossa imperfeição. Na festa de hoje, porém, vemos um homem perfeito, que de modo velado, nos manifesta a perfeição daquele que procede do Ser perfeito. Da primeira vez, o Rei vestia a púrpura do corpo humano; agora, as águas do rio envolvem qual manto aquele que é a fonte. Considerai, pois, e vede estes novos e estupendos milagres: o sol da justiça que se banha no Jordão, o fogo mergulhado na água, Deus santificado pelo ministério de um homem.
Hoje toda a criação entoa hinos e proclama: Bendito o que vem em nome do Senhor (Sl 117,26). Bendito o que vem em todo tempo, pois não é esta a primeira vez que veio. E quem é ele? Dize-nos mais claramente, peço-te, santo Davi: O Senhor é o Deus que nos ilumina (Sl 117, 27). Não foi só o profeta Davi que disse; também o apóstolo Paulo confirmou o seu testemunho com estas palavras: A graça de Deus se manifestou trazendo a salvação para todos os homens; ela nos ensina (Tt 2,11). Não somente para alguns, mas para todos. Sim, para todos, para os judeus e para os gregos, a salvação é dada por meio do batismo, que oferece a todos um benefício universal.
Prestai atenção, contemplai o novo e admirável dilúvio, maior e mais poderoso que o do tempo de Noé. No primeiro dilúvio, a água fez perecer o gênero humano; agora, porém, a água do batismo, pelo poder daquele que foi batizado por João, chama os mortos para a vida. No primeiro dilúvio, uma pomba, trazendo no bico um ramo de oliveira, anunciava o odor de suavidade do Cristo; agora, o Espírito Santo, vindo em forma de pomba, mostra-nos o Senhor cheio de misericórdia.
Responsório
R. Hoje a nós apareceu Jesus Cristo, Luz da luz,
que, nas águas do Jordão, por João foi batizado.
* Cremos que Ele é o Filho de Maria, sempre Virgem.
V. Os céus se abriram sobre ele
e fez-se ouvir a voz do Pai. * Cremos.
Oração
Ó Deus, luz de todas as nações, concedei aos povos da terra viver em perene paz, e fazei resplandecer em nossos corações aquela luz admirável que vimos despontar no povo da antiga aliança. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.