Primeira leitura
Do Livro do Profeta Isaías 9,1–6
O príncipe da paz
1O povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma luz raiou para os que habitavam uma terra sombria. 2Multiplicaste o povo, deste-lhe grande alegria; eles alegram-se na tua presença como se alegram os ceifa- dores na ceifa, como se regozijam os que repartem os despojos. 3Porque o jugo que pesava sobre eles, o bastão posto sobre seus ombros, a vara do opressor, tu o despedaçaste como no dia de Madiã. 4Com efeito, todo calçado que pisa ruidosamente no chão, toda a veste que se revolve no sangue serão queimadas, serão devoradas pelo fogo. 5Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, ele recebeu o poder sobre seus ombros, e lhe foi dado este nome:
Conselheiro-maravilhoso, Deus-forte, Pai-eterno, Príncipe-da-paz, 6para que se multiplique o poder, assegurando o estabe- lecimento de uma paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, firmando-o, consolidando-o sobre o direito e sobre a justiça. Desde agora e para sempre, o amor ciumento do Senhor dos Exércitos fará isto.
Responsório Lc 1,32.33;Is 9,5
R. O Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai,
* E reinará para sempre na casa de Jacó.
V. Será chamado Deus-forte, Pai-eterno, Príncipe-da-paz.
* E reinará.
Segunda leitura
Dos Sermões de Pedro de Blois, presbítero
(Sermo 3 de adventu Domini: PL 207,569–572)
(Séc.: XIII)
Eis que venho em breve e trago comigo a recompensa
Segundo o conselho do Apóstolo, vivamos neste mundo com sobriedade, justiça e piedade, aguardando a bendita esperança e a vinda da glória do grande Deus (Tt 2,12–13). A piedade do homem se dirige ao Senhor, sua justiça ao próximo, e a sobriedade é para consigo mesmo. O advento do Senhor nos é prejudicial, se não o esperamos com piedade, sobriedade e justiça. Três são os adventos do Senhor: o primeiro, na carne; o segundo, para a alma; e o terceiro, para o julgamento. O primeiro se deu à meia noite; o segundo, pela manhã; o terceiro, ao meio-dia. Quanto ao primeiro advento, sigamos as palavras da verdade evangélica: No meio da noite, ouviu-se um grito: “Eis que vem o Esposo!” (Mt 25,6).
Rompeu-se o silêncio da noite. Veio aquele que ilumina o que se acha escondido nas trevas; retirou a noite, e fez o dia. E por que à meia-noite se ouviu um grito, senão porque no silêncio de todas as coisas, quando a noite seguia o seu curso, e a Palavra onipotente decidiu descer do trono real, conhecendo os profetas o advento de Cristo, prorromperam em gritos de aclamação e alegria, rompendo o silêncio? Grande era certamente o clamor, quando cada profeta clamava por si e todos juntos.
Se queremos que o advento de Cristo seja para nós redenção, preparemo-nos para sua chegada. Como nos ensina o profeta, na pessoa de Israel: Prepara-te, Israel, para sair ao encontro do teu Deus, que vem (Am 4,12). E vós, irmãos, ficai preparados, porque o Filho do homem virá numa hora em que não pensais (Mt 24,44). Já se realizou o primeiro advento, pois Cristo entre os homens apareceu e no meio dos homens viveu (Br 3,38). Cristo veio para em sí cumprir a lei por nós; e como, segundo o Apóstolo, um testamento só tem valor no caso de morte (Hb 9,17), Cristo convalidou na cruz o testamento da nossa redenção com a palavra, o Espírito e as obras.
Estamos no segundo advento, caso sejamos tais que ele se digne vir até nós. Podemos estar seguros de que, se o amamos, ele virá a nós e conosco fará morada. Este advento é incerto para nós. Quanto ao terceiro advento, certíssimo é que virá, embora seja incertíssimo quando virá. Pois que há de mais certo do que a morte? Nada há, porém, mais incerto do que a hora da morte. Nesta vida só podemos estar seguros de uma coisa: de que não estamos seguros. Ora estamos sãos, ora enfermos; ora favorecidos na prosperidade, ora afligidos na adversidade; ora existimos, ora já não somos. A morte não perdoa nem idade nem sexo.
Como é feliz quem pode dizer com segurança: Meu coração está firme, ó Deus, meu coração está firme! (Sl 107,2). Este, do primeiro advento, recebe um fruto de graça; do segundo advento, receberá um fruto de salvação e de glória. Com efeito, o primeiro dá acesso ao segundo, e o segundo é preparação para o último. O primeiro advento foi oculto e humilde; o segundo é secreto e amável; o terceiro será manifesto e terrível. No primeiro, Cristo veio até nós para, no segundo, vir em nós; no segundo vem em nós para que, no terceiro, não venha contra nós. No primeiro advento manifestou a misericórdia, no segundo concede a graça, no terceiro dará a glória, pois o Senhor dará a graça e a glória (Sl 84,12).
O Senhor dará aos santos o salário de seus trabalhos. Sobre esse advento, ele mesmo disse: Eis que venho em breve, e trago comigo o salário para retribuir a cada um conforme o seu trabalho (Ap 22,12). Que Cristo Jesus nos salve, não segundo as más obras que praticamos, mas segundo a sua grande misericórdia, ele que já recebemos como Salvador e que esperamos como juiz.
Responsório Cf. Sb 10,17
R. Eis que o nosso Rei virá, com todos os seus santos,
* Para recompensar as suas obras.
V. Virá o Senhor, o Rei dos reis.
* Para recompensar.
Oração
Senhor Deus, preparai os nossos corações com a força da vossa graça, para que, ao chegar o Cristo, vosso Filho, nos encontre dignos do banquete da vida eterna e ele mesmo nos sirva o alimento celeste. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.