Primeira leitura
Do Livro do Deuteronômio 10,12–11,7.26–28
Deus é a única escolha
E agora, Israel, o que é que o Senhor teu Deus te pede? Apenas que temas ao Senhor teu Deus, andando em seus caminhos, e o ames, servindo ao Senhor, teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, e que observes os mandamentos do Senhor e os estatutos que eu te ordeno hoje, para o teu bem. Vê: é ao Senhor, teu Deus que pertencem os céus e os céus dos céus, a terra e tudo o que nela existe. Contudo, foi somente com teus pais que o Senhor se ligou, para amá-los! E depois deles escolheu dentre todos os povos a sua descendência — vós próprios! — como hoje se vê. Circuncidai, pois, o vosso coração e nunca mais reteseis a vossa nuca! Pois o Senhor vosso Deus é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, o valente, o terrível, que não faz acepção de pessoas e não aceita suborno; o que faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e roupa. (Portanto, amareis o estrangeiro, porque fostes estrangeiros na terra do Egito). Ao Senhor teu Deus temerás e servirás, a ele te apegarás e por seu nome jurarás. A ele deves louvar: ele é o teu Deus. Ele realizou em teu favor essas coisas grandes e terríveis que teus olhos viram. Ao descerem para o Egito, teus pais eram apenas setenta pessoas. Agora, contudo, o Senhor teu Deus tornou-te numeroso como as estrelas do céu! Amarás ao Senhor teu Deus e observarás continuamente o que deve ser observado: seus estatutos, suas normas e seus mandamentos. Fostes vós que fizestes a experiência, e não vossos filhos. Eles não conheceram nem viram a pedagogia do Senhor vosso Deus, sua grandeza, sua mão forte e seu braço estendido, os sinais e as obras que ele realizou no meio do Egito, contra o Faraó, rei do Egito, e contra toda a sua terra; o que ele fez contra o exército do Egito, seus cavalos e seus carros, fazendo as águas do mar Vermelho refluir sobre eles, quando vos perseguiam: o Senhor os aniquilou até o dia de hoje; e o que fez por vós no deserto, até que chegásseis a este lugar; e ainda o que fez a Datã e a Abiram, filhos de Eliab, o rubenita: a terra abriu sua boca e engoliu-os, juntamente com suas famílias, tendas e tudo o que os seguia, no meio de todo Israel. Vossos olhos foram testemunhas de toda a grande obra que o Senhor realizou. Vede: hoje proponho a bênção e a maldição diante de vós: A bênção, se obedecerdes aos mandamentos do Senhor vosso Deus que hoje vos ordeno; a maldição, se não obedecerdes aos mandamentos do Senhor vosso Deus, desviando-vos do caminho que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses, que não conhecestes.
Responsório1Cor 7,19;Fl 3,3;Gl 6,15
R. Ser ou não circuncidado não tem importância alguma.
O que conta é a observância dos mandamentos de Deus.
* Os verdadeiros circuncidados somos nós,
que prestamos culto movidos pelo Espírito de Deus
e colocamos nossa glória em Cristo Jesus.
V. Ser ou não ser circuncidado não tem importância;
o que conta é ser nova criatura.
* Os verdadeiros.
Segunda leitura
Dos Capítulos sobre a perfeição espiritual, de Diádoco de Foticeia, bispo
(Cap. 12.13.14: PG 65, 1171–1172)
Somente a Deus é que devemos amar
Quem ama a si mesmo não pode amar a Deus. Quem, pelo contrário, movido pelas incomparáveis riquezas do amor de Deus, não ama a si mesmo, esse ama a Deus. Eis porque tal homem jamais procura sua glória, mas a de Deus. Pois quem ama a si mesmo, procura a sua glória; mas quem ama a Deus, ama a glória do seu Criador. De fato, é próprio de uma alma interior e amiga de Deus procurar sempre a glória de Deus em todos os preceitos que cumpre e deleitar-se na submissão à vontade divina. Pois a Deus convém a glória por causa da sua grandeza. Ao homem, porém, a submissão que nos torna familiares de Deus. Quando procedemos assim, a nossa felicidade está na glória do Senhor. E, a exemplo de João Batista, começamos a dizer continuamente: É necessário que ele cresça, e que eu diminua (Jo 3,30). Conheço alguém que ama tanto a Deus, embora chore por não amá-lo como queria, que o mais ardente desejo de sua alma é ver Deus nele glorificado, e ele próprio como se nada fosse. Este homem não se deixa impressionar por palavras elogiosas, pois sabe quem é na realidade; ao contrário, no seu grande desejo de humildade, nem sequer pensa na própria dignidade. Cumpre o serviço de Deus como prescreve a lei para os sacerdotes, mas, no seu intenso desejo de amar a Deus, esquece a própria dignidade e esconde a própria glória no abismo de sua caridade para com Deus; pelo seu espírito de humildade, não pensa em si mesmo, considerando-se apenas como servo inútil. É o que também devemos fazer, evitando as honras e a glória, por causa das inestimáveis riquezas do amor de Deus, que tanto nos amou. Quem ama a Deus no íntimo do coração é por ele conhecido. De fato, o homem que experimenta no mais profundo da alma a caridade de Deus, é nesta medida que o ama. Aquele que atinge essa perfeição, deseja ardentemente que a luz do conhecimento divino penetre até o mais íntimo do seu ser, a ponto de se esquecer de si mesmo e de se transformar totalmente no amor de Deus. Aquele que chegou a esse ponto vive, sim, mas como se não vivesse; se ainda habita o próprio corpo, emigra sem cessar para Deus pelo movimento da alma; o seu coração, inflamado pelo fogo da caridade, como por uma espécie de desejo irresistível, está tão unido a Deus e tão livre do amor próprio, que pode dizer como o Apóstolo: Se acaso estivemos fora de nós, foi para Deus; se nos portamos com moderação, é para vós (2Cor 5,13).
ResponsórioJo 3,16;1Jo 4,10a.19b
R. Deus amou o mundo a tal ponto
que deu o seu Filho único,
* Para que todo o que nele crer não morra,
mas tenha a vida eterna.
V. Nisto consiste o amor:
não fomos nós que amamos a Deus,
mas foi ele que primeiro nos amou.
* Para que.
Oração
Considerai, ó Deus, com bondade o fervor do vosso povo. E, enquanto mortificamos o corpo, sejamos espiritualmente fortalecidos pelos frutos das boas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.