Solenidade
Primeira leitura
Do Livro do Profeta Isaías 9,1–6
A libertação
1O povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma luz raiou para os que habitavam uma terra sombria. 2Multiplicaste o povo, deste-lhe grande alegria; eles alegram-se na tua presença como se alegram os ceifadores na ceifa, como se regozijam os que repartem os despojos. 3Porque o jugo que pesava sobre eles, o bastão posto sobre seus ombros, a vara do opressor, tu os despedaçastes como no dia de Madiã. 4Com efeito, todo calçado que pisa ruidosamente no chão, toda a veste que se revolve no sangue serão queimadas, serão devoradas pelo fogo. 5Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, ele recebeu o poder sobre seus ombros, e lhe foi dado este nome: Conselheiro-maravilhoso, Deus-forte, Pai-eterno, Príncipe-da-paz, 6para que se multiplique o poder, assegurando o estabe- lecimento de uma paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, firmando-o, consolidando-o sobre o direito e sobre a justiça. Desde agora e para sempre, o amor ciumento do Senhor dos Exércitos fará isto.
Responsório Cf. Lc 1,45
R. A santa Mãe de Deus Maria, permanecendo intacta,
* Hoje gerou o Salvador do Mundo.
V. Feliz por ter acreditado
que iria cumprir-se o que lhe fora dito pelo Senhor.
* Hoje gerou.
Segunda leitura
Dos Sermões de São Leão Magno, papa
(Sermo 1 in Nativitate Domini, 1–3:PL 54,190–193)
(Séc. V)
Toma consciência, ó cristão, da tua dignidade
Hoje, amados filhos, nasceu o nosso Salvador. Alegremo-nos. Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida; uma vida que, dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com a promessa da eternidade.
Ninguém está excluído da participação nesta felicidade. A causa da alegria é comum a todos, porque nosso Senhor, vencedor do pecado e da morte, não tendo encontrado ninguém isento de culpa, veio libertar a todos. Exulte o justo, porque se aproxima da vitória; rejubile o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida.
Quando chegou a plenitude dos tempos, fixada pelos insondáveis desígnios divinos, o Filho de Deus assumiu a natureza do homem para reconciliá-lo com o seu Criador, de modo que o demônio, autor da morte, fosse vencido pela mesma natureza que antes vencera.
Eis por que, no nascimento do Senhor, os anjos cantam jubilosos: Glória a Deus nas alturas; e anunciam: Paz na terra aos homens de boa vontade (Lc 2,14). Eles veem a Jerusalém celeste ser formada de todas as nações do mundo. Diante dessa obra inexprimível do amor divino, como não devem alegrar-se os homens, em sua pequenez, quando os anjos, em sua grandeza, assim se rejubilam?
Amados filhos, demos graças a Deus Pai, por seu Filho, no Espírito Santo; pois, na imensa misericórdia com que nos amou, compadeceu-se de nós! E quando estávamos mortos por causa das nossas faltas, ele nos deu a vida com Cristo (Ef 2,5) para que fôssemos nele uma nova criação, nova obra de suas mãos.
Despojemo-nos, portanto, do velho homem com seus atos; e tendo sido admitidos a participar do nascimento de Cristo, renunciemos às obras da carne!
Toma consciência, ó cristão, da tua dignidade! E já que participas da natureza divina, não voltes aos erros de antes por um comportamento indigno de tua condição. Lembra-te de que cabeça e de que corpo és membro. Recorda-te que fostes arrancado do poder das trevas, elevado para a luz e o reino de Deus.
Pelo sacramento do batismo te tornaste templo do Espírito Santo. Não expulses com más ações tão grande hóspede, não recaias sob o jugo do demônio, porque o preço de tua salvação é o sangue de Cristo!
Responsório
R. Hoje desceu do céu para nós a verdadeira paz.
* Hoje os céus destilam mel por todo o mundo.
V. Hoje brilhou para nós o dia de uma nova redenção,
que foi preparado desde os tempos antigos
e nos traz a felicidade eterna.
* Hoje os céus.
Hino
Te Deum
Oração
Ó Deus, que admiravelmente criastes o ser humano e mais admiravelmente restabelecestes a sua dignidade, dai-nos participar da divindade do vosso Filho, que se dignou assumir a nossa humanidade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.