Irmãos, a partir de hoje estarei publicando diariamente aqui no Substack do Podcast Ofício das Leituras, o Martirológio Romano do dia.
Para explicar melhor o que é, coloco alguns trechos do texto de Dom Anacleto Oliveira, bispo de Viana do Castelo:
O Martirológio Romano é um livro litúrgico que contém o elenco dos Santos e Beatos honrados pela Igreja Católica. O nome sugere uma lista de mártires, mas na verdade inclui todo o santoral.
A tradição de guardar a memória daqueles que morriam por causa da sua fé, os mártires, vem dos primeiros tempos do cristianismo, em que cada igreja tinha o seu Martirológio, onde se anotava o dia da passagem dos mártires à vida eterna, chamado «dies natalis», ou seja, dia natalício para o céu. O dia da morte passou a ser o dia da celebração anual da sua memória.
O Martirológio foi incluído entre os livros utilizados nas celebrações litúrgicas para prestar o culto digno da Santíssima Trindade.
O livro está ordenado segundo os dias do calendário. Para cada nome há o chamado elogio, que consta de uma breve nota sobre a data e o lugar da morte, o título canónico, a actividade que desenvolveu, e algumas notas sobre a sua espiritualidade e factos relevantes da vida e obra.
O Martirológio não se apresenta como um catálogo completo de todos os que gozam da visão de Deus, mas um elenco das memórias da Virgem Santa Maria, dos Anjos e dos fiéis atualmente incluídos no culto da Igreja universal ou particular ou de alguma família religiosa. A lista dos Santos e Beatos, portanto, não é exaustiva, nem apresenta elogios extensos.
Recomendamos o uso deste livro litúrgico, de acordo com o rito proposto pela Igreja, tendo sempre em conta que «os elogios dos Santos de cada dia devem ser lidos sempre no dia precedente» (Preliminares, 35), e «é louvável que a leitura do Martirológio se faça no coro ou no presbitério, mas sempre fora da celebração da Santa Missa».
Sobre o que é o elogio a um santo e mais outras informações, cito o texto introdutório do próprio livro do Martirológio:
O elogio de um Santo inscrito no Martirológio Romano é uma pequena notícia, que não deve ultrapassar quarenta palavras (Preliminares, n. 39), na qual se presta particular atenção a três elementos: o nome desse Santo, o lugar da sua morte e a data em que ocorreu.
Trata-se de uma regra muito antiga. Encontramo-la assim expressa pelo Papa S. Gregório Magno: «Temos os nomes de quase todos os mártires escritos num livro, com os seus martírios repartidos por todos os dias do ano. Nesse livro, porém, não se diz como foi a morte que cada um deles padeceu, mas somente se indica o nome, o lugar e o dia do seu martírio» (S. Gregório Magno, Carta 29 a Eulógio de Alexandria).
A enumeração da lista dos santos poderá parecer monótona. Mas foi assim que, na Igreja dos primeiros séculos, se deu início aos catálogos dos mártires, antepassados do Martirológio Romano.
Porquê?
Talvez porque a vida de um mártir cristão, sem deixar de ser obra sua, era considerada sobretudo como a resposta que ele dera aos dons recebidos de Deus, e a sua morte o dia mais importante dessa vida: o nascimento para o Céu (dia natal). Os elogios dos santos não se destinavam a louvar o que eles tinham feito, mas a manter vivos o nome, o lugar e o dia da sua páscoa (passagem). Era sobretudo desses três elementos que importava não perder a memória.
A utilização dele é sempre apresentada em termos facultativos e nunca obrigatórios. A sua leitura pode fazer-se na Liturgia das Horas, habitualmente nas Laudes (Rito, n. 1, p. 27), ou, se parecer conveniente, em qualquer Hora menor (Rito, n. 5, p. 28), ou fora da Liturgia das Horas: no coro ou no capítulo ou à mesa, ou ainda na igreja ou lugar apropriado para a oração (Rito, n. 13, p. 29), mas sempre fora da celebração da Santa Missa (Preliminares, n. 36, p. 20). Vésperas, Ofício de Leitura e Completas não aparecem citados nem excluídos em parte nenhuma como tempos de leitura do Martirológio.
Em resumo: a leitura do Martirológio pode fazer-se, de forma privada ou comunitária, em qualquer lugar apropriado para a oração e em qualquer momento do dia, exceto na celebração da Missa.
Sempre no dia precedente.
Apesar destas razões históricas e litúrgicas, nada impede que, na utilização privada do Martirológio, os elogios dos Santos se leiam no próprio dia, se isso parecer preferível a alguém.
Modo de fazer a leitura do Martirológio
O modo de fazer a leitura do Martirológio vem muito bem explicado no respectivo Rito para a Leitura (pp. 25-30). Qualquer que seja o lugar e o momento dessa leitura, o esquema invariável é sempre este:
1. Começa por dizer-se:
Do Martirológio do dia (dia) de (mês)…
2. Lêem-se os Elogios do dia…
3. No final dos elogios, diz-se:
V. É preciosa aos olhos do Senhor.
R. A morte dos seus Santos.
5. Em seguida pode fazer-se uma leitura breve (cf. pp. 37-57) que o leitor conclui com a aclamação:
V. Palavra do Senhor.
R. Graças a Deus.
6. Depois da leitura, aquele que preside à celebração diz uma oração (pp. 59-66).
5. Finalmente, quer haja ou não leitura breve, faz-se a bênção e a despedida, com a seguinte fórmula:
O Senhor nos abençoe, nos livre de todo o mal e nos conduza à vida eterna. E pela misericórdia de Deus, as almas dos fiéis descansem em paz. R. Amem.
V. Ide em paz e o Senhor vos acompanhe.
R. Graças a Deus.
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Deus abençoe!