III Semana do Saltério
Primeira leitura
Da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 10,14–11,1
A paga do Senhor e a paga do demônio
10,14Eis porque, meus bem-amados, fugi da idolatria. 15Falo a vós como a pessoas sensatas; julgai vós mesmos o que digo. 16O cálice de bênção que abençoamos não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo? 17Já que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, visto que todos participamos desse único pão. 18Considerai o Israel segundo a carne. Aqueles que comem as vítimas sacrificadas não estão em comunhão com o altar? 19Que quero dizer com isto? Que a carne sacrificada aos ídolos seja alguma coisa? Ou que os ídolos mesmos sejam alguma coisa? 20Não! Mas, aquilo que os gentios imolam, eles o imolam aos demônios, e não a Deus. Ora, não quero que entreis em comunhão com os demônios. 21Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios. Não podeis participar da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. 22Ou queremos provocar o ciúme do Senhor? Seríamos mais fortes do que ele?
23“Tudo é permitido”, mas nem tudo convém. “Tudo é permitido”, mas nem tudo edifica. 24Ninguém procure satisfazer ais seus próprios interesses, mas aos do próximo. 25Tudo o que se vende no mercado, comei-o sem levantar dúvidas por motivo de consciência, 26pois a terra e tudo o que ela contém pertencem ao Senhor. 27Se algum gentio vos convidar e aceitardes o convite, comei de tudo o que vos for oferecido, sem suscitar questões por motivo de consciência. 28Mas, se alguém vos disser: “Isto foi imolado aos ídolos”, não comais, em atenção a quem vos chamou e por respeito à consciência. 29Digo: a consciência dele, não a vossa. Por que a minha liberdade haveria de ser julgada por outra consciência? 30Se tomo alimento dando graças, por que seria eu censurado por causa de alguma coisa pela qual dou graças?
31Portanto, quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo par a glória de Deus. 32Não vos torneis ocasião de escândalo, nem para os judeus, nem para os gregos, nem para a Igreja de Deus, 33assim como eu mesmo me esforço por agradar a todos em todas as coisas, não procurando os meus interesses pessoais, mas os do maior número, a fim de que sejam salvos. 11,1Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo.
Responsório 1Cor 10,16–17
R. O cálice de bênção, que benzemos,
não é a comunhão do sangue de Cristo?
* E o pão, que partimos,
não é a comunhão do corpo de Cristo?
V. Uma vez que há um único pão,
nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo,
porque todos nós comungamos do mesmo pão.
* E o pão, que partimos.
Segunda leitura
Das “Homilias sobre a Primeira Carta aos Coríntios”, de São João Crisóstomo, bispo
(Homilia sobre 1Cor 11,19)
(Séc. V)
O que é comer a ceia do Senhor
Das leis e da tradição foi introduzido então na Igreja um costume verdadeiramente maravilhoso: os fiéis reunidos, depois de ter escutado a palavra de Deus, ter pregado e participado juntos da eucaristia, dissolvida a assembleia não retornavam em seguida às suas casas, mas os ricos e os mais poderosos, levando comidas e pratos, convidavam os pobres e sentavam à mesa todos juntos, aqueles que tinham participado da mesma assembleia: de tal maneira, a mesa comum e o respeito do lugar incrementavam reciprocamente a caridade, com imensa alegria e benefício de todos.
Os pobres, de fato, obtinham grande consolação; os ricos desfrutavam da benevolência dos beneficiados e daquela de Deus, dado que o faziam por seu amor; portanto, todos voltavam para casa ricos em graça. Advinham daí numerosos e positivos efeitos e, o mais valioso, em cada assembleia vinha incrementada sempre mais a caridade, pelo fato de que, seja aqueles que davam seja aqueles que recebiam, estavam na mesma mesa com grande recíproco amor.
Com o passar do tempo, todavia, os Coríntios arruinaram este uso: os mais ricos, sentando em mesas separadas, começaram a faltar com o respeito para com os pobres, não os esperando nem quando, para prover de alguma maneira às suas necessidades, como acontece aos pobres, chegavam atrasados. Assim, quando aqueles finalmente chegavam, encontravam a mesa já tirada, porque os ricos já tinham acabado: e assim deviam voltar para casa com a humilhação e a fome.
Paulo, vendo que desse fato derivavam já muitos males e muitos mais ainda seriam verificados, corrige este mau e descortês costume. Mas observa com quanta prudência e medida procede na correção. Ao início diz: Nisto, porém, o que vou dizer-vos não vos louvo; porquanto vos ajuntais, não para melhor, senão para pior. (1Cor 11,17). O que entende com aquele “não para melhor”? Vossos pais — diz — vendiam seus bens, os campos, as propriedades e punham tudo em comum com mútua caridade: mas vós, que poderíeis fazer bem em imitá-los, não só não o fazem, com também têm perdido aquilo que vos ficava, precisamente os banquetes que costumavam fazer nas assembleias. Eles punham à disposição todos seus bens, mas vós os privais também da mesa que lhes era concedida.
“Antes de tudo sinto dizer que quando vos reunis em assembleia, há divisões entre vós, e em parte assim acho”. É necessário de fato que sucedam divisões entre vós, para que se manifestem os verdadeiros crentes”. Que divisões? Não é dito a respeito da doutrina, mas a respeito das divisões na mesa. De fato, depois de ter dito ”é necessário que haja divisões”, continua precisando de quais divisões se tratam: Quando, portanto, se reúnem, o vosso não é mais um comer a ceia do Senhor (1Cor 11,20) O que é “comer a ceia do Senhor”? A ceia do Senhor — diz — não consiste simplesmente no comer: ceia é aquela que Cristo nos transmitiu na última noite, quando todos os discípulos estavam com Ele. Naquela ceia verdadeiramente sentavam-se juntos o Senhor e os servos: mas vós, que sois todos servos, não estais de acordo e estais divididos entre vós. Por isso diz: “Não é mais um comer a ceia do Senhor”, entendendo por ceia do Senhor aquela que é consumada quando todos estão reunidos na concórdia.
Responsório Rm 12,5; Ef 4,7;1Cor 12,13
R. Embora sendo muitos, somos um só corpo em Cristo
e cada um membro uns dos outros.
* A cada um de nós, todavia,
tem sido dada a graça segundo a medida do dom de Cristo.
V. Nós todos temos sido batizados num só Espírito,
para formar um só corpo; e todos temos bebido de um só Espírito.
* A cada um de nós.
Hino
Te Deum
Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.