III Semana do Saltério
Primeira leitura
Da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 11,17–34
A ceia do Senhor
Irmãos, 17não posso louvar-vos: vossas assembleias, longe de vos levar ao melhor, vos prejudicam. 18Em primeiro lugar, ouço dizer que, quando vos reunis em assembleia, há entre vós divisões, e, em parte, o creio. 19É preciso que haja até mesmo cisões entre vós, a fim de que se tornem manifestos entre vós aqueles que são comprovados. 20Quando, pois, vos reunis, o que fazeis não é comer a Ceia do Senhor; 21cada um se apressa por comer a sua própria ceia; e, enquanto um passa fome, o outro fica embriagado. 22Não tendes casas para comer e beber? Ou desprezais a Igreja de Deus e quereis envergonhar aqueles que nada têm?
23Com efeito, eu mesmo recebi do Senhor o que vos transmiti: na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão 24e, depois de dar graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim”. 25Do mesmo modo, após a ceia, também tomou o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova Aliança em meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim”. 26Todas as vezes, pois, que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha. 27Eis porque todo aquele que comer do pão e beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor.
28Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber desse cálice, 29pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe a própria condenação. 30Eis porque há entre vós tantos débeis e enfermos e muitos morreram. 31Se nos examinássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. 32Mas por seus julgamentos o Senhor nos corrige, para que não sejamos condenados com o mundo.
33Portanto, meus irmãos, quando vos reunirdes para a Ceia, esperai uns aos outros. 34Se alguém tem fome, coma em sua casa, a fim de que não vos reunais para a vossa condenação. Quanto ao mais eu o determinarei quando aí chegar.
Responsório 1Cor 11,24–25; cf. Mt 26,26
R. Partiu o pão e disse:
Isto é o meu corpo, que é entregue por vós;
* Fazei isto em memória de mim.
V. Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue.
* Fazei isto em memória de mim.
Segunda leitura
Das “Homilias sobre a Primeira Carta aos Coríntios”, de São João Crisóstomo, bispo
(homilia 1Cor 11,19)
(Séc. V)
A mesa mística
Depois de ter demonstrado cuidadosamente que os Coríntios são réus de bastantes culpas, Paulo passa a um tom mais retraído, abandonando a veemência do início. Por isso leva o discurso sobre a mesa mística, para lhes incutir um maior temor e diz: Eu de fato, tenho recebido do Senhor tudo quanto vos tenho ensinado (1Cor 11,23). Qual relação há? Você fala de uma ceia comum e lembra o grande mistério? Certo, diz.
Se de fato aquela tremenda mesa é posta indistintamente diante de todos, rico e pobre juntos, nem o rico recebe mais, nem o pobre menos, mas são iguais a sua dignidade e o direito de aceder; e enquanto todos não tenham participado do sacro banquete espiritual, não se retira nada do que está posto à mesa; todos os sacerdotes estão ali, esperando também ao mais pobre e miserável; com maior motivo isto deve acontecer nesta ceia comum. Por isso, tenho lembrado aquela ceia do Senhor: Porque eu de fato recebi do Senhor o que também vos entreguei: O Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou pão e havendo dado graças o partiu e disse: Este é o meu corpo, que é por vós; façam isto em memória de mim. Do mesmo modo depois da ceia tomou o cálice dizendo: Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue (1Cor 11,23–25).
Portanto, depois de ter se detido um pouco sobre aqueles que participam indignamente do mistério e ter lhes severamente repreendido lhes mostrando sua culpa e dizendo que se come e se bebe indignamente, sem reconhecer o corpo e o sangue de Cristo, encontra a mesma condenação daqueles que mataram a Cristo, traz o discurso sobre o primeiro argumento e diz: Por isto, meus irmãos, quando vos ajuntais para a ceia, esperai uns pelos outros. Se alguém tem fome, coma em casa, a fim de que não vos reunais para condenação vossa (1Cor 11,33–34). Conclui o discurso com o temor do julgamento: “Para que não vos reunais para vossa condenação”, isto é, a vossa reprovação. Não é um alimento — diz — nem uma mesa que pode admitir a humilhação do irmão, a falta de respeito pela assembleia, tanta voracidade e intemperança. Estas coisas não se acabam em alegria, mas em suplício e pena: atraem a vocês de fato uma grande vingança quando ofendem aos irmãos e desprezam a igreja, fazendo do lugar santo vossa casa e comendo por vossa conta. Escutem também vocês, irmãos, fechem a boca daqueles que interpretam temerariamente as palavras e a doutrina dos apóstolos, corrijam aqueles que usam as Escrituras para dano próprio e dos outros. Conhecem bem do que fala quando diz: “É preciso que sucedam divisões entre vocês (1Cor 11,19): não se refere às controvérsias que possam surgir acerca da santa mesa, mas sobretudo que, quando um tem fome, o outro está embriagado (1Cor 11,21).
Com fé sincera, demos testemunho de uma vida coerente com a doutrina e uma grande benevolência para com os pobres, trazendo ao coração o cuidado pelos indigentes. Cuidemos dos interesses do espírito, e não procuremos ter mais do que nos é necessário.
Riqueza, ganância, tesouro inexaurível para nós é isto: que depositamos no céu todo aquilo que nos pertence, tranquilos sobre a segurança de tal depósito. E a todos nós, depois de ter transcorrido esta vida segundo a sua vontade, nos seja dado obter a graça do seu encontro e a alegria eterna daqueles que são salvos pela graça e misericórdia do verdadeiro Deus e Salvador nosso Jesus Cristo, a quem seja dada a glória e o poder, com o Pai e seu Santo Espírito, nos séculos dos séculos. Amém.
Responsório Mt 26,26; Pv 9,5
R. Enquanto eles comiam, Jesus tomou o pão,
partiu-o e o deu aos discípulos dizendo:
* Tomai e comei, este é o meu corpo.
V. Venham, comam o meu pão,
bebam o meu vinho que eu tenho preparado.
* Tomai e comei.
Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.