Primeira leitura
Da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 12,1-11
Há diversos carismas, mas um só é o Espírito
1A propósito dos dons do Espírito, irmãos, não quero que estejais na ignorância. 2Sabeis que, quando éreis gentios, éreis irresistivelmente arrastados para os ídolos mudos. 3Por isto, eu vos declaro que ninguém, falando com o Espírito de Deus, diz: “Anátema seja Jesus!”, e ninguém pode dizer: “Jesus é Senhor” a não ser no Espírito Santo.
4Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; 5diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo; 6diversos modos de ação, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. 7Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos. 8A um o Espírito dá a mensagem de sabedoria, a outro, a palavra de ciência segundo o mesmo Espírito; 9a outro o mesmo Espírito dá a fé; a outro ainda o único e mesmo Espírito concede o dom das curas; 10a outro, o poder de fazer milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, o dom de falar em línguas, a outro ainda, o dom de as interpretar. 11Mas é o único e mesmo Espírito que isso tudo realiza, distribuindo a cada um os seus dons, conforme lhe apraz.
Responsório Ef 4,17; 1Cor 12,11.4
R. A cada um de nós é dada a graça
segundo a medida o dom de Cristo;
mas um e o mesmo Espírito distribui todos estes dons,
* Repartindo a cada um como lhe apraz.
V. Há diversidade de dons, mas um só Espírito.
* Repartindo a cada.
Segunda leitura
Do Tratado “a vida cenobítica”, de Baldoino de Cantuária, bispo
(Tratado 15)
(Séc. XII)
A caridade não procura seu interesse,
mas aquele de Jesus Cristo
A instituição da vida comum é ancorada e rege-se sob um sólido e fundado princípio de autoridade. A Igreja foi fundada sobre a vida comum dos primeiros cristãos, mais ainda: na vida comum teve início sua infância. A vida comum trouxe dos próprios apóstolos o modelo da sua existência, o título de seu honor, o privilégio da sua dignidade, o testemunho da sua autoridade, a sua justificação, a força da sua esperança.
Embora sendo muitos, somos um só corpo, sendo um, membro do outro. Um só espírito anima todo nosso corpo, fluindo através dos membros as junturas e as estruturas; e produz a paz da qual, por sua vez, vem garantida a unidade do espírito; este conserva os membros no respeito mútuo e na mútua paciência. Irmãos em Cristo amantíssimos, a que nos empurram estes exemplos, se não à recíproca tolerância, à recíproca humildade e à mútua caridade? Por acaso não tem escrito Deus dentro de nós a lei do amor, que nos ensina a conhecer a nós mesmos? Ele que tem nos dado a lei, nos dê também a bênção para nos fazer crescer na inocência do coração. E com o discernimento das nossas ações nos guie, pelas sendas da paz, aonde manter a unidade do espírito no vínculo da paz, para conservar o amor de Deus no amor ao próximo. Se unanimemente e concordes, segundo a pureza da nossa profissão, amamos a Deus, sem dúvida sua caridade difunde-se no nosso coração mediante o Espírito Santo (cf. Rm 5,5). E o único Espírito de Deus nos vivifica como um só corpo, de modo que nenhum de nós vive mais por si mesmo, mas por Deus; para que todos juntos, pelo único Espírito que habita em nós, vivamos na unidade do Espírito.
Esta unidade de espírito encontra-se em nós na força do amor de Deus, conserva-se depois através do amor ao próximo que nos faz permanecer no amor de Deus; ficando nesta dileção, permanecemos em Deus e Deus em nós (cf. Jo 4,16). Com o amor ao próximo, portanto, como através de um nó de amor e um vínculo de paz, mantém-se e conservase o amor de Deus e a unidade do Espírito. Quem não ama o irmão afasta-se da unidade do espírito, não ama a Deus e não vive do Espírito de Deus, mas do próprio espírito, porque não vive mais por Deus, mas por si mesmo.
A vida comum favorece o amor ao próximo e, onde este amor é perfeito, perfeita é também a vida comum; não há vida comum perfeita se não há comunhão de todas as coisas, como está escrito: Tínhamos cada coisa em comum (At 2,44). Mas pode nos surpreender o que segue: se repartia para cada um, segundo a necessidade de cada um (At 2,45). De que forma tudo era comum a todos, se cada um tinha alguma coisa sua? O Apóstolo deixa a questão ainda mais problemática, quando diz: A cada um é dada uma manifestação particular do Espírito para a utilidade comum (1Cor 12,7) e cada um tem seu próprio dom de Deus, uns de um modo, outros de outro (1Cor 7,7). E ainda: Há diversidade de carismas, diversidade de ministérios, diversidade de operações (1Cor 12,4-6). Como então pode existir comunhão de cada coisa se há tanta diversidade de graças, se cada um tem seu dom?
Mas se em cada um há o próprio dom de Deus, comporte-se de maneira que não o tenha só para si, mas para Deus e para o próximo: para Deus, de modo que do dom de Deus não tente obter a própria glória, mas aquela dele; para o próximo, procurando sempre a utilidade comum e não a própria. A caridade, de fato, não procura o seu interesse (1Cor 13,5) mas o de Jesus Cristo.
Responsório At 4,32; 2,45
R. A multidão tinha um só coração e uma só alma,
* E ninguém chamava de sua propriedade
aquilo que lhe pertencia,
mas tudo era entre eles comum.
V. Quem tinha propriedades e bens vendia-os
e repartia com todos, segundo a necessidade de cada um.
* E ninguém.
Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.