Primeira leitura
Da Carta de São Paulo aos Colossenses 2,4–15
Nossa fé em Cristo
Irmãos, 4 digo-vos isto, para que ninguém vos engane com discursos capciosos. 5 Embora corporalmente eu esteja longe de vós, em espírito eu estou perto. Com alegria posso constatar que a vossa fé em Cristo é firme e autêntica.
6 Assim como aceitastes a Cristo Jesus como Senhor, assim continuai a guiar-vos por ele: 7 enraizados nele e edificados sobre ele, apoiados na fé que vos foi ensinada, dando-lhe muitas ações de graças. 8 Estai alerta, para que ninguém vos enrede com sua filosofia e com doutrina falsa, baseando-se em tradição humana e remontando às forças elementares do mundo, sem se fundamentar em Cristo. 9 Pois nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade. 10 Dele também vós estais repletos, pois ele é a Cabeça de todas as forças e de todos os poderes. 11 Nele, vós também recebestes uma circuncisão, não feita por mão humana, mas uma circuncisão que é de Cristo, pela qual renunciais ao corpo perecível. 12 Com Cristo fostes sepultados no batismo; com ele também fostes ressuscitados por meio da fé no poder de Deus, que ressuscitou a Cristo dentre os mortos. 13 Ora, vós estáveis mortos por causa dos vossos pecados, e vossos corpos não tinham recebido a circuncisão, até que Deus vos trouxe para a vida, junto com Cristo, e a todos nós perdoou os pecados. 14 Existia contra nós uma conta a ser paga, mas ele a cancelou, apesar das obrigações legais, e a eliminou, pregando-a na cruz; 15 ele despojou as autoridades e os poderes sobre-humanos e os expôs publicamente em espetáculo, levando-os em cortejo triunfal.
Responsório Cl 2,9.10.12
R. No Cristo habita a plenitude de Deus, corporalmente.
* Ele é o Senhor dos principados,
é o Senhor das potestades.
V. Nós fomos sepultados com ele no batismo
e igualmente ressurgimos com ele pela fé,
no poder de nosso Deus. * Ele é o Senhor.
Segunda leitura
Dos Sermões de São Leão Magno, papa
(Sermo 6 in Nativitate Domini, 2–3, 5:
PL 54, 213–216)
(Séc. V)
O Natal do Senhor é o Natal da paz
O estado de infância, que o Filho de Deus assumiu sem considerá-la indigna de sua grandeza, foi-se desenvolvendo com a idade até chegar ao estado de homem perfeito e, tendo-se consumado o triunfo de sua paixão e ressurreição, todas as ações próprias do seu estado de aniquilamento que aceitou por nós tiveram o seu fim e pertencem ao passado. Contudo, a festa de hoje renova para nós os primeiros instantes da vida sagrada de Jesus, nascido da Virgem Maria. E enquanto adoramos o nascimento de nosso Salvador, celebramos também o nosso nascimento.
Efetivamente, a geração de Cristo é a origem do povo cristão; o Natal da Cabeça é também o natal do Corpo. Embora cada um tenha sido chamado num momento determinado para fazer parte do povo do Senhor, e todos os filhos da Igreja sejam diversos na sucessão dos tempos, a totalidade dos fiéis, saída da fonte batismal, crucificada com Cristo na sua Paixão, ressuscitada na sua Ressurreição e colocada à direita do Pai na sua Ascensão, também nasceu com ele neste Natal.
Todo homem que, em qualquer parte do mundo, acredita e é regenerado em Cristo, liberta-se do vínculo do pecado original e, renascendo, torna-se um homem novo. Já não pertence à descendência de seu pai segundo a carne, mas à linhagem do Salvador, que se fez Filho do homem para que nós pudéssemos ser filhos de Deus.
Se ele não tivesse descido até nós na humildade da natureza humana, ninguém poderia, por seus próprios méritos, chegar até ele.
Por isso, a grandeza desse dom exige de nós uma reverência digna de seu valor. Pois, como nos ensina o santo Apóstolo, nós não recebemos o espírito do mundo, mas recebemos o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos os dons da graça que Deus nos concedeu (1Cor 2,12). O único modo de honrar dignamente o Senhor é oferecer-lhe o que ele mesmo nos deu.
Ora, no tesouro das liberalidades de Deus, que podemos encontrar de mais próprio para celebrar esta festa do que a paz, que o canto dos anjos anunciou em primeiro lugar no nascimento do Senhor?
É a paz que gera os filhos de Deus e alimenta o amor; ela é a mãe da unidade, o repouso dos bem-aventurados e a morada da eternidade; sua função própria e seu benefício especial é unir a Deus os que ela separa do mundo.
Assim, aqueles que não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus mesmo (Jo 1,13), ofereçam ao Pai a concórdia dos filhos que amam a paz, e todos os membros da família adotiva de Deus se encontrem naquele que é o Primogênito da nova criação, que não veio para fazer a sua vontade, mas a vontade daquele que o enviou. Pois a graça do Pai não adotou como herdeiros pessoas que vivem separadas pela discórdia ou oposição, mas unidas nos mesmos sentimentos e no mesmo amor. É preciso que tenham um coração unânime os que foram recriados segundo a mesma imagem.
O Natal do Senhor é o natal da paz. Como diz o Apóstolo, Cristo é a nossa paz, ele que de dois povos fez um só (cf. Ef 2,14); judeus ou gentios, em um só Espírito, temos acesso junto ao Pai (Ef 2,18).
Responsório Ef 2,13–14.17
R. Vós, que outrora estáveis longe do Senhor,
estais perto pelo sangue de Jesus.
* É o Cristo, na verdade, a nossa paz:
de dois povos ele fez um povo só.
V. Ele veio anunciar a vós a paz,
a vós, de longe, e a paz a vós, de perto. * É o Cristo.
Hino
Te Deum
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, que estabelecestes o princípio e a plenitude de toda a religião na encarnação do vosso Filho, concedei que sejamos contados entre os discípulos daquele que é toda a salvação da humanidade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.