II Semana do Saltério
Primeira leitura
Da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 10,1–14
As lições do passado de Israel
1Não quero que ignoreis, irmãos, que os nossos pais estiveram todos sob a nuvem, todos atravessaram o mar 2e, na nuvem e no mar, todos foram batizados em Moisés. 3Todos comeram o mesmo alimento espiritual, 4e todos beberam a mesma bebida espiritual, pois bebiam de uma rocha espiritual que os acompanhava, e essa rocha era Cristo. 5Apesar disso, a maioria deles não agradou a Deus, pois caíram mortos no deserto.
6Ora, esses fatos aconteceram para nos servir de exemplo, a fim de que não cobicemos coisas más, como eles cobiçaram. 7Não vos torneis idólatras como alguns dentre eles, segundo está escrito: O povo sentou-se para comer e beber; depois levantaram-se para se divertir. 8Nem nos entreguemos à fornicação, como alguns dentre eles se entregaram, de modo a perecerem num dia só vinte e três mil. 9Não tentemos o Senhor, como alguns deles o tentaram, de modo a morrer pelas serpentes. 10Não murmureis, como alguns deles murmuraram, de modo que pereceram pelo Exterminador.
11Estas coisas lhes aconteceram para servir de exemplo e foram escritas para a nossa instrução, nós que fomos atingidos pelo fim dos tempos. 12Assim, pois, aquele que julga estar em pé, tome cuidado para não cair. 13As tentações que vos acometeram tiveram medida humana. Deus é fiel; não permitirá que sejais tentados acima de vossas forças. Mas, com a tentação, ele vos dará os meios de sair dela e a força para a suportar.
14Eis porque, meus bem-amados, fugi da idolatria.
Responsório 1Cor 10,1.2.11.3.4
R. Nossos pais estiveram todos sob a nuvem,
todos atravessaram o mar e foram batizados em Moisés.
* Estas coisas lhes aconteceram para servir de exemplo.
V. Todos comeram o mesmo alimento espiritual,
e beberam a mesma bebida espiritual.
* Estas coisas lhes.
Segunda leitura
Dos “Tratados sobre o Evangelho de João”, de Santo Agostinho, bispo
(Trat. 45,9)
(Séc. V)
Os tempos mudam, mas não a fé
Antes da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, que se humilhou na carne, viveram os justos que creram em Cristo vindouro, assim como nós cremos no Cristo que veio. Mudaram os tempos, mas não a fé. Com os tempos, mudam também as palavras, que aparecem de forma diferente: som diferente têm as palavras “vindouro” e “veio”; uma só fé, todavia, as reúne, e cria uma continuidade entre aqueles que acreditaram em Cristo vindouro e aqueles que creem no Cristo que veio. Em tempos diferentes os vemos, porém, todos a entrarem pela única porta da fé, que é Cristo.
Nós acreditamos que nosso Senhor Jesus Cristo nasceu da Virgem Maria, veio na carne, sofreu, ressuscitou e ascendeu ao céu: todas essas coisas se cumpriram, como sugerem os verbos conjugados no passado. Até os nossos pais, que acreditaram que Cristo nasceria, sofreria, ressuscitaria e ascenderia ao céu estão em comunhão de fé conosco. A eles se refere o Apóstolo, quando afirma: Animados pelo mesmo espírito de fé, sobre o qual está escrito: Acreditei, por isso falei, também nós acreditamos, e por isso falamos (2Cor 4,13). O Profeta dissera: Acreditei, por isso falei (Sl 116,10), e o Apóstolo, por sua vez: também nós acreditamos, e por isso falamos.
Mas para que tu saibas que a fé é única, considera o que ele diz: Animados pelo mesmo espírito de fé, também nós acreditamos (2Cor 4,13). Em outra passagem: Não quero, de fato, que ignoreis, ó irmãos, que os nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, todos atravessaram o mar, todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar, todos comeram do mesmo alimento espiritual, todos beberam da mesma bebida espiritual (1Cor 10,1–4). O Mar Vermelho é a figura do batismo; Moisés, que conduz Israel através do Mar Vermelho, é a figura do Cristo; o povo que atravessa são os crentes; a morte dos Egípcios significa a abolição dos pecados. Através de sinais diferentes, é expressa a mesma fé: com sinais diferentes, assim como com palavras diferentes, porque as palavras mudam o som através dos tempos; elas, todavia, nada mais são que sinais. São utilizadas para indicar: tirando o sentido das palavras, fica um som oco. Tudo, portanto, é expresso através dos sinais.
Aqueles que nos forneciam estes sinais, e que com as profecias preanunciaram o que nós acreditamos, não tinham, talvez, a mesma fé? Claro, mas eles acreditavam no que teria acontecido; nós, ao invés, acreditamos no que já ocorreu. Por isso ele diz: Beberam da mesma bebida espiritual. A mesma espiritualmente, não, decerto, materialmente. O que eles bebiam? Pois bebiam da pedra espiritual que os seguia, e essa pedra era Cristo (1Cor 10,4). Vede, então, como permanecendo imutada a fé, são os sinais que mudam. Lá Cristo era a pedra; para nós, Cristo é aquele que se sacrifica no altar de Deus. Eles também, como grande sacramento do próprio Cristo, beberam a água que jorrava da rocha; o que nós bebemos, os fiéis bem o sabem. Se olhas para a espécie visível, é diferente; se penetras-lhe o sentido, é a mesma bebida espiritual que eles bebiam. Quantos, portanto, nos tempos antigos, acreditaram em Abraão, em Isaac, em Jacó, em Moisés e em todos os outros patriarcas e profetas que anunciaram Cristo, faziam parte do rebanho e escutaram Cristo; não a voz de um qualquer, mas a própria voz de Cristo.
Responsório At 4,12; 1Cor 3,11
R. Em nenhum outro há salvação,
* Porque também debaixo do céu nenhum outro nome há,
dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.
V. Ninguém pode colocar um alicerce diferente
daquele que já foi posto, que é Jesus Cristo;
* Porque também debaixo.
Oração
Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.