Primeira leitura
Do Livro do Profeta Isaías 41,21–29
O Senhor, único Deus, é quem anuncia o libertador Ciro
21Trazei vossa querela, diz o Senhor, apresentai vossas razões, diz o rei de Jacó. 22Tragam-nos e mostrem-nos o que há de acontecer. 23Mostrai-nos as coisas passadas, para que meditemos sobre elas e conheçamos o seu fim. Ou então anunciai-nos o que está por vir, mostrai-nos o que há de vir em seguida, e saberemos que sois deuses. Ao menos, fazei algo de bom ou de mau, de modo que sintamos pavor e respeito! 24Mas vós sois menos do que nada e a vossa obra é menos do que zero; escolher-vos é apenas uma abominação. 25Suscitei-o do Norte e ele veio, desde o Oriente foi chamado pelo seu nome. Ele pisa governadores como o lodo, da mesma maneira que o oleiro amassa a argila. 26Quem o anunciou desde o princípio, para que o soubéssemos, desde os tempos antigos para que disséssemos: É justo? Mas não havia quem o anunciasse, não havia quem o fizesse ouvir, nem quem ouvisse vossas palavras. 27Primícias de Sião, ei-las, ei-las aqui, a Jerusalém envio um mensageiro. 28Olho, mas não há ninguém! Entre eles ninguém que dê um conselho, a quem eu possa perguntar e que me responda! 29Sim, todos eles nada são, suas obras não são coisa alguma, seus ídolos não passam de sopro e de vazio.
Responsório Dt 18,18;Lc 20,13; Jo 6,14
R. Vou suscitar para eles um profeta
e colocarei as minhas palavras em sua boca
* E ele lhes comunicará tudo o que eu lhe ordenar.
V. Enviarei o meu Filho amado.
Esse é, verdadeiramente,
o profeta que deve vir ao mundo.
* E ele lhes comunicará.
Segunda leitura
Do Comentário sobre o Profeta Isaías, de São Cirilo de Alexandria, bispo
(Lib. 4. Or. 4: PG 70,1035–1038)
(Séc. V)
O santo profeta, discorrendo no espírito sobre os
mistérios, predisse que Deus se tornaria um de nós
Está escrito: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e pôr-lhe-á o nome de Emanuel (Is 7,14). Ao revelar à santa Virgem, Mãe de Deus, o mistério, diz o bem-aventurado Gabriel: Não temas, Maria! Encontraste graça junto de Deus. Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho, e tu o chamarás com o nome de Jesus (Lc 1,30–31). Pois ele salvará o seu povo dos seus pecados (Mt 1,21).
Estarão porventura em desacordo essas palavras do anjo e as do profeta? De modo algum. Pois o profeta de Deus, discorrendo no espírito sobre os mistérios, predisse que Deus se tornaria um de nós, e lhe deu um nome segundo a sua natureza e a economia da encarnação. Já o santo anjo impôs-lhe um nome considerando sua obra e missão: ele salvará o seu povo. Por isso é chamado Salvador.
Assim, quando ele assumiu por nós a natureza humana, as cortes dos anjos anunciaram aos pastores o feliz e ditoso nascimento, dizendo: Não temais! Eis que eu vos anuncio hoje uma grande alegria, que será para todo o povo: nasceu-vos hoje um Salvador, que é Deus e Senhor, na cidade de Davi (Lc 2,10s). Por isso ele se chamou Emanuel, pois se tornou pela natureza Deus-conosco, isto é, homem. E chamou-se ainda Jesus, porque haveria de salvar o mundo, Deus feito homem. Quando, portanto, deixou o ventre de sua mãe, de quem nasceu segundo a carne, recebeu o nome que lhe foi dado. Parece pouco conveniente ao Deus Verbo, antes do seu nascimento na carne, o nome de Cristo. Não sendo ainda ungido, como poderia ser chamado Cristo?
Quando, portanto, deixou o ventre de sua mãe, de quem nasceu segundo a carne, recebeu o nome que lhe foi dado.
Foi-lhe dada uma boca como espada afiada. Também isso é verdade. Pois diz a seu respeito o mesmo profeta Isaías: A justiça será o cinto de seus lombos; e a fidelidade, o cinto de seus rins. E com o sopro dos seus lábios matará o ímpio (Is 11,5.4). A pregação divina e celeste, a pregação do Evangelho, proclamada pela boca do Cristo, era uma espada aguda e penetrante, contra a tirania do diabo, destruindo os dominadores deste mundo de trevas e os espíritos do mal (Ef 6,12). Dissipou as trevas do erro, lançando nos corações de todos a luz do verdadeiro conhecimento de Deus. Levou toda a terra a uma vida piedosa, infundiu em todos o amor aos santos preceitos; e de certo modo cortou e ceifou no mundo o pecado, justificando o ímpio pela fé. Enchendo do Espírito Santo os que se aproximam e fazendo-os filhos de Deus, infundiu-lhes um ânimo forte e disposto ao combate. E deu-lhes a espada do Espírito, isto é, a palavra de Deus, a fim de que, resistindo aos que antes eram senhores, corram sem obstáculo para o prêmio da vocação celeste (Fl 3,14).
Bem mostra o profeta Isaías como essa doutrina e iniciação de Cristo derrubaram a tirania do demônio sobre os que estão na terra, ao dizer: Naquele dia, punirá o Senhor, com sua espada santa e forte, a serpente tortuosa, e matará o dragão (Is 27,1).
Responsório Is 7,14;9,5.6;Lc 1,32.33
R. Eis que a virgem conceberá
e dará à luz um filho, diz o Senhor;
* E será chamado Conselheiro-maravilhoso, Deus-forte.
V. Sobre o trono de Davi e sobre o seu reino,
firmar-se-á desde agora e para sempre.
* E será chamado.
Oração
Senhor Deus, ao anúncio do Anjo, a Virgem imaculada acolheu vosso Verbo inefável e, como habitação da divindade, foi inundada pela luz do Espírito Santo. Concedei que, a seu exemplo, abracemos humildemente a vossa vontade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.