Primeira leitura
Do Segundo Livro de Samuel 18,6-17.24-19,4
Morte de Absalão e luto de Davi
Naqueles dias, 18,6a tropa saiu a campo aberto ao encontro de Israel, e a batalha teve lugar na floresta de Efraim. 7O povo de Israel foi vencido diante dos servidores de Davi, e houve nesse dia uma grande derrota em que pereceram vinte mil homens. 8A luta se estendeu por toda a região, e nesse dia a floresta devorou mais vítimas do que a espada.
9Aconteceu que Absalão foi por acaso esbarrar com os servos de Davi. Absalão ia num burro, que se meteu debaixo dos galhos de um grande carvalho. A cabeça de Absalão prendeu-se no carvalho e ele ficou suspenso entre o céu e a terra enquanto o animal passava. 10Alguém o viu e veio dizer a Joab: “Acabo de ver Absalão suspenso num carvalho.” 11Respondeu Joab: “Pois se o viste, por que não o mataste ali mesmo? Eu te daria agora dez siclos de prata e um cinturão!” 12O homem, porém, replicou a Joab: “Mesmo que pusesses nas minhas mãos mil siclos de prata, não levantaria a mão contra o filho do rei! E foi diante de nós que o rei te ordenou, e também a Abisaí e a Etai: ‘Vigiai quem atacar o jovem Absalão.’ 13Se eu mentisse a mim mesmo, do rei nada fica oculto, e tu te terias conservado à distância.” 14Então Joab disse: “Não quero ficar perdendo tempo contigo.” Tomou então três dardos e os lançou no coração de Absalão, que estava ainda vivo entre os galhos do carvalho. 15Dez jovens, escudeiros de Joab, dispuseram-se em círculo, e golpearam Absalão até que o mataram.
16Joab mandou soar então a trombeta e a tropa cessou de atacar Israel, porque Joab conteve o exército. 17Pegaram Absalão e o atiraram para dentro de uma grande fossa no meio da mata e jogaram em cima de um montão de pedras. Todo o Israel fugiu, cada qual para a sua tenda.
24Davi estava sentado entre as duas portas. A sentinela que tinha subido ao terraço da porta, sobre a muralha, estendeu a vista e notou um homem que vinha correndo, sozinho. 25A sentinela gritou e avisou o rei, e o rei disse: “Se é um só, é que traz boas notícias nos lábios.” Quando já vinha se aproximando, 26a sentinela avistou outro homem que vinha correndo, e chamou o porteiro, dizendo: “Vem outro homem que corre sozinho.” E Davi disse: “Esse é ainda um portador de boa notícia.” 27Disse a sentinela: “Eu reconheço o modo de correr do primeiro: é como corre Aquimaás, filho de Sadoc.” O rei disse: “É um homem de bem, e vem para dar uma boa notícia.”
28Aquimaás gritou e disse ao rei: “Está tudo bem.” Ele se prostrou, o rosto em terra diante do rei, e disse: “Bendito seja o Senhor teu Deus, que entregou os homens que levantaram a mão contra o senhor meu rei!” 29O rei perguntou: “Vai tudo bem com o jovem Absalão?” E Aquimaás respondeu: “Eu vi um alvoroço no momento em que Joab enviou um servo do rei e teu servo, mas não sei o que era.” 30Disse o rei: “Passa e coloca-te ali”. Ele obedeceu e esperou.
31Logo chegou o cuchita e disse: “Recebe, senhor meu rei, a boa notícia. Deus te fez justiça hoje livrando-te de todos os que se levantaram contra ti.” 32O rei perguntou ao cuchita: “Vai tudo bem com o jovem Absalão?” E o cuchita disse: “Que tenham a mesma sorte desse moço todos os inimigos do senhor meu rei e todos os que se têm levantado contra ti para te fazerem mal!”
19,1Então o rei tremeu. Subiu para o quarto que está acima da porta e caiu em pranto. E dizia enquanto andava “Meu filho Absalão! meu filho! meu filho! meu filho Absalão! Por que não morri eu em teu lugar! Absalão, meu filho! meu filho!” 2Avisaram a Joab: “O rei chora e se lamenta por causa de Absalão.” 3A vitória, naquele dia, se transformou em luto para todo o exército, porque compreendeu naquele dia que o rei estava em grande angústia por causa de seu filho. 4Naquele dia, o exército entrou furtivamente na cidade, como faria um exército coberto de vergonha por estar fugindo no meio do combate.
Responsório Sl 54(55),13a.14a.15a; cf. Sl 40(41),10b; 2Sm 19,1
R. Se o inimigo viesse insultar-me,
poderia aceitar certamente;
* Mas és tu, companheiro e amigo
com quem tive agradável convívio,
que ergueste teu pé contra mim.
V. O rei, desolado, subiu ao quarto que está sobre a porta
e chorou repetindo e andando:
Meu filho Absalão, ó meu filho!
* Mas és tu.
Segunda leitura
Dos “Comentário sobre os Salmos”, de Santo Agostinho, bispo
(Ps. 32,29: CCL 38,272-273)
(Séc. V)
Aqueles que estão de fora,
queiram ou não, são nossos irmãos
Irmãos, exortamos-vos instantemente à caridade, não apenas entre vós, mas também em relação aos que estão de fora, quer sejam os ainda pagãos e descrentes, quer se tenham separado de nós, e de modo que, professando conosco a Cabeça, separaram-se do corpo. Sintamos pesar por eles, irmãos, porque eles continuam sendo nossos irmãos. Quer queiram, quer não queiram, são nossos irmãos. De fato, só deixariam de ser nossos irmãos se deixassem de dizer: Pai nosso.
Assim o Profeta falou de alguns: Àqueles que vos dizem: Não sois irmãos nossos, respondei: Sois nossos irmãos. Observai de quem se poderia dizer isto, será que dos pagãos? Não, pois nem os chamamos de nossos irmãos segundo as Escrituras e o modo de tratar da Igreja. Será que dos judeus que não creram em Cristo?
Lede o Apóstolo e notai que quando fala de “irmãos” sem mais, somente se refere aos cristãos: Tu, porém, por que julgas teu irmão, ou tu, por que desprezas teu irmão? E em outro trecho: Vós cometeis a iniquidade e a fraude e isto fazeis contra irmãos. Por conseguinte, aqueles que dizem: “Não sois nossos irmãos”, estão nos chamando de pagãos. Por isso eles querem batizar-nos de novo, declarando que não possuímos o que dão.
Por conseguinte, seu erro consiste em negar que somos seus irmãos. Mas então por que nos disse o Profeta: Quanto a vós, respondei-lhes: Sois nossos irmãos; a não ser porque reconhecemos neles aquele batismo que não repetimos? Não aceitando nosso batismo, eles negam que somos seus irmãos. Nós, porém, não repetindo o deles, mas reconhecendo-o como nosso, dizemos: Sois nossos irmãos.
Se eles disserem: “Por que nos procurais? Que quereis de nós?”, respondamos: Sois nossos irmãos. Mesmo que nos digam: “Podeis ir embora, nada temos convosco!” Pelo contrário, nós temos muito convosco! Nós confessamos um mesmo Cristo, e assim devemos estar em um só Corpo, sob uma só Cabeça.
Portanto, nós vos suplicamos, irmãos, por aquelas mesmas entranhas da caridade, cujo leite nos alimenta, cujo pão nos fortalece, isto é, por Cristo, nosso Senhor. Com efeito, é agora a ocasião de termos para com eles grande caridade, muita misericórdia, rogando a Deus por eles, a fim de que lhes conceda sobriedade de pensamento para caírem em si e enxergarem, porque nada absolutamente têm a dizer contra a verdade. De fato, apenas lhes resta a fraqueza da animosidade, tanto mais enferma quanto mais julga possuir maior força. Assim, pela mansidão de Cristo, nós vos conjuramos suplicando em favor dos fracos, dos sábios segundo a carne, dos puramente humanos e carnais, mas ainda nossos irmãos, que frequentam os mesmos sacramentos, embora não conosco, mas os mesmos. Eles respondem um só Amém, embora não conosco, mas o mesmo. Portanto, derramai diante de Deus por eles o âmago de vossa caridade.
Responsório Ef 4,1.3.4
R. Exorto-vos, pois, no Senhor,
que vivais dignamente, irmãos,
na vocação a que fostes chamados:
* Solícitos sede em guardar a unidade que vem do Espírito,
pelo laço da paz que nos une.
V. Há um corpo somente e um Espírito,
é uma somente a esperança da vocação a que fostes chamados.
* Solícitos sede em guardar.
Oração
Ó Deus, sede generoso para com os vossos filhos e filhas e multiplicai em nós os dons da vossa graça, para que, repletos de fé, esperança e caridade, guardemos fielmente os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.