Primeira leitura
Do Primeiro Livro de Samuel 17,1-10. 23b-26.40-51
Davi trava combate com Golias
1Os filisteus reuniram suas tropas para a guerra e concentraram-se em Soco de Judá, e acamparam entre Soco e Azeca, em Efes-Domim.2Saul e os homens de Israel reuniram-se e acamparam no vale do Terebinto, e se puseram em ordem de batalha diante dos filisteus. 3Os filisteus ocuparam um lado de uma montanha, e Israel ocupou um lado de outra montanha, e havia um vale entre eles.
4Saiu do acampamento filisteu um grande guerreiro. Chamava-se Golias, de Gat. A sua estatura era de seis côvados e um palmo. 5Cobria a cabeça com um capacete de bronze, vestia uma couraça de escamas, que pesava cinco mil siclos de bronze, 6e trazia as pernas protegidas por perneiras de bronze, e um escudo de bronze entre os ombros. 7A haste de sua lança era como uma travessa de tecelão, e a ponta da sua lança pesava seiscentos siclos de ferro. À sua frente marcha o escudeiro.
8Estacou perante as linhas de Israel e gritou: “Por que saístes para travar batalha? Não sou eu filisteu e vós servos de Saul? Escolhei entre vós um homem, e venha ele competir comigo. 9Se me dominar e me ferir seremos vossos escravos; se, porém, eu o vencer e ferir, vós sereis nossos escravos e nos servireis”. 10Disse ainda o filisteu: “Hoje lanço um desafio às fileiras de Israel. Dai-me um homem para que combatamos juntos!” 23bo grande guerreiro - chamado Golias, o filisteu de Gat - apareceu, vindo da linha inimiga, e disse as mesmas palavras de antes, e Davi as ouviu. 24Logo que perceberam o homem, todos homens de Israel fugiram para longe dele, apavorados. 25O povo de Israel dizia: “Vistes aquele homem que sobe? Sobe para lançar um desafio a Israel. Quem o ferir, o rei o cumulará de riquezas e lhe dará sua filha e fará a casa de seu pai livre em Israel”.
26Davi perguntou aos homens que estavam com ele: “O que se fará para aquele que abater esse filisteu e afastar a vergonha de Israel? Quem é esse filisteu incircunciso para insultar os exércitos do Deus vivo?”
40Davi tomou na mão o seu cajado, escolheu no riacho cinco pedras bem lisas e as pôs no seu bornal de pastor, o seu surrão, depois apanhou a sua funda e avançou contra o filisteu. 41O filisteu se aproximava cada vez mais de Davi, precedido de seu escudeiro. 42O filisteu pôs os olhos em Davi e, assim que o viu o menosprezou, porque era jovem - era ruivo e de bela aparência. 43O filisteu disse a Davi: “Sou por acaso um cão, para que venhas ter comigo com paus?”, e o filisteu amaldiçoou Davi pelos seus deuses. 44Disse o filisteu a Davi: “Vem cá, e darei a tua carne às aves do céu e as feras do campo!” 45Mas Davi retrucou ao filisteu: “Tu vens contra mim com espada, lança e escudo; eu, porém, venho a ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus das linhas de Israel, que desafiaste. 46Hoje mesmo, o Senhor te entregará em minhas mãos, eu te ferirei e te deceparei a cabeça, e hoje mesmo darei os cadáveres do acampamento filisteu às aves do céu e aos animais selvagens. Toda a terra saberá que há um Deus em Israel, 47e toda esta assembleia conhecerá que não é pela espada nem pela lança que Deus concede a vitória, porque Deus é o senhor da batalha e ele vos entregará em nossas mãos.”
48Logo que o filisteu avançou e marchou em direção a Davi, este saiu rapidamente das linhas e correu ao encontro do filisteu. 49Davi pôs a mão no seu bornal, apanhou uma pedra que lançou com a funda e atingiu o filisteu na fronte; a pedra se cravou na sua testa e ele caiu com o rosto no chão.
50Desse modo Davi venceu o filisteu com a funda e a pedra: feriu o filisteu, e o matou; não havia espada nas mãos de Davi. 51Davi correu, pôs o pé sobre o filisteu, apanhou-lhe a espada, tirou-a da bainha e a cravou no filisteu e, com ela, decepou-lhe a cabeça.
Responsório Cf. 1Sm 17,37; cf. Sl 56(57),4c.5a
R. O Senhor, que me arrancou da boca do leão
e das garras de outras feras,
* Também me livrará das mãos dos inimigos.
V. Deus me envie sua graça e verdade
e me envie dos céus sua ajuda:
eu me encontro em meio a leões,
que famintos devoram os homens.
* Também me livrará.
Segunda leitura
Do “Comentário sobre os Salmos”, de Santo Agostinho, bispo
(Salmo 148,1-2)
(Séc. V)
Não desista de viver bem e sempre louvarás a Deus
Toda nossa vida presente deve transcorrer no louvor a Deus, porque a eterna alegria da nossa vida futura será o louvor de Deus. Ninguém será apto para a vida futura, se desde já não se exercitar para isso. Agora, portanto, louvemos a Deus, mas também roguemos a Ele.
Nosso louvor é alegria, nossa oração é gemido. De fato, foi-nos prometido algo que ainda não possuímos, mas, sendo veraz o Senhor que prometeu, alegramo-nos na esperança; entretanto, não tendo ainda o objeto de nossa esperança, gememos cheios de desejos. É bom perseverar no desejo até que venha o que foi prometido, então acabará o gemido e permanecerá somente o louvor. Por causa dessas duas fases, sendo uma a das tentações e tribulações da vida presente, e outra futura, em segurança e alegrias perpétuas, foram instituídas para nós duas celebrações: a do tempo antes da Páscoa e a do tempo depois da Páscoa.
O tempo precedente à Páscoa representa a tribulação em que nos achamos; o que agora celebramos após a Páscoa significa a beatitude que alcançaremos na vida futura.
Antes da Páscoa, portanto, celebramos o que vivemos; depois da Páscoa celebramos, ao contrário, o que ainda não possuímos. Por isso, no primeiro tempo exercitamonos em jejuns e orações; e depois, terminados os jejuns, passamos o tempo em louvores. Tal é o sentido do Aleluia que cantamos. Palavra que, como sabeis, significa: “Louvai ao Senhor”. O primeiro tempo, portanto, representa a fase anterior à ressurreição; o segundo, a fase posterior à ressurreição do Senhor.
Este tempo significa a vida futura, que ainda não possuímos, pois aquilo que indicamos depois da ressurreição do Senhor, possuiremos apenas após a nossa ressurreição. Em Cristo, nosso líder, ambos os tempos foram figurados e manifestados. A paixão do Senhor mostra-nos as dificuldades da vida presente, na qual é preciso fatigar, sofrer e, por fim, morrer. A ressurreição e glorificação do Senhor nos revelam, porém, a vida que um dia nos será dada, quando Ele virá a remunerar cada um como lhe é devido: os malvados com o mal, os bons com o bem.
Na verdade, todos os ímpios podem agora cantar conosco o Aleluia. Mas se eles perseverarem em sua malícia, podem, sim, cantar com os lábios a música de nossa vida futura, porém não poderão obter a realidade daquela vida que agora é indicada, pois não quiseram pensar sobre isso antes de ela vir, nem possuir o que estava por vir. Agora, pois, irmãos, exortamos-vos a louvar a Deus. É isto o que todos nós exprimimos reciprocamente quando cantamos: Aleluia. Louvai o Senhor!, dizemos nós uns aos outros. E assim todos põem em prática aquilo que se exortam reciprocamente. Mas louvai-O com todas as vossas forças, isto é, louvai a Deus não só com a língua e a voz, mas também com a vossa consciência, vossa vida, vossas ações.
Na verdade, louvamos a Deus quando nos encontramos reunidos na igreja. Mas logo ao voltarmos para casa, parece que deixamos de louvá-Lo. Não deixes de viver santamente e louvareis sempre a Deus.
Responsório Sl 22,23; 57,10
R. Vou contar tua fama aos meus irmãos, aleluia,
* Vou louvar-te no meio da assembleia, aleluia, aleluia.
V. Vou louvar-te entre os povos, Senhor,
vou tocar para ti em meio às nações.
* Vou louvar-te no meio.
Hino
Te Deum
Oração
Ó Deus, que pela humilhação do vosso Filho reerguestes o mundo decaído, enchei os vossos filhos e filhas de santa alegria, e dai aos que libertastes da escravidão do pecado o gozo das alegrias eternas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.