Primeira leitura
Do Primeiro Livro de Samuel 7,15-8,22
O povo pede um rei
7,15Samuel julgou Israel todos os dias de sua vida. 16Cada ano ele visitava Betel, Guilgal e Masfa e julgava Israel em cada um desses lugares. 17Depois voltava a Ramá, porque ali estava a sua casa onde julgava Israel. Ali ele edificou um altar a Deus.
8,1Samuel, quando envelheceu, constituiu seus filhos juízes para Israel. 2O primogênito chamava-se Joel, o segundo Abias; eles foram juízes em Bersabeia. 3Mas seus filhos não seguiram o seu exemplo. Ao contrário, orientaram-se pela ganância, deixaram-se subornar e fizeram desviar o direito. 4Então todos as anciãos de Israel se reuniram e foram ao encontro de Samuel em Ramá. 5E disseram-lhe: “Tu envelheceste, e os teus filhos não seguem o seu exemplo. Agora, portanto, constitui sobre nós um rei, que exerça a justiça entre nós, como acontece em todas as nações”. 6Mas esta expressão: “Constitui sobre nós um rei, que exerça a justiça entre nós”, desagradou a Samuel, e então ele invocou o Senhor. 7Deus, porém disse a Samuel: “Atende a tudo o que te diz o povo, porque não é a ti que eles rejeitam, mas é a mim que eles rejeitam, porque não querem mais que eu reine sobre eles. 8Tudo o que têm feito comigo desde o dia que os fiz subir do Egito até agora - abandonaram-me e serviram outros deuses - assim fizeram contigo. 9Agora, escuta a voz deles. Mas, solenemente, lembra-lhes e explica-lhes o direito do rei que reinará sobre eles”.
10Samuel expôs todas as palavras de Deus ao povo, que lhe pedia um rei. 11Ele disse: “Este será o direito do rei que reinará sobre vós: Ele convocará os vossos filhos e os encarregará dos seus carros de guerra e de sua cavalaria e os fará correr à frente de seus carros; 12e os nomeará chefes de mil, e chefes de cinquenta, e os fará lavrar a terra dele e ceifar a sua seara, fabricar as suas armas de guerra e as peças de seus carros. 13Ele tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras e padeiras. 14Tomará os vossos campos, as vossas vinhas, e os vossos melhores olivais, e os dará aos seus servos. 15Das vossas sementes e das vossas vinhas ele cobrará o dízimo, que destinará aos seus eunucos e aos seus servos. 16Os melhores dentre vossos servos e vossas servas, e de vossos adolescentes, bem como vossos jumentos, ele os tomará para o seu serviço. 17Exigirá o dízimo dos vossos rebanhos, e vós mesmos vos tornareis seus servos. 18Então, naquele dia clamareis contra o rei que vós mesmos tiverdes escolhido, mas Deus não vos responderá, naquele dia!”.
19O povo, no entanto, recusou-se a atender a palavra de Samuel, e disse: “Não! Nós teremos um rei 20e seremos, nós também como as outras nações: o nosso rei nos julgará, irá a nossa frente e fará as nossas guerras.” 21Samuel ouviu tudo o que o povo disse e o contou ao ouvido do Senhor. 22Mas Deus lhes respondeu: “Escuta a voz deles e faze reinar sobre eles um rei.” Então Samuel disse aos homens de Israel: “Volte cada um à sua cidade.”
Responsório 1Sm 10,19; Is 33,22
R. Vós, porém, rejeitastes hoje o vosso Deus,
* Que vos salvou de todos os males
e de todas as tribulações.
V. O Senhor é nosso juiz, o Senhor é nosso legislador;
o Senhor é nosso rei.
* Que vos salvou.
Segunda leitura
Do Tratado “sobre a Oração do Senhor”, de São Cipriano, bispo e mártir
(Nn. 34-35)
(Séc. III)
Devemos perseverar o dia todo em oração
Vimos que as três crianças, fortes na fé e vencedoras no cativeiro, rezavam comemorando, com Daniel, a hora terceira, sexta e nona, e isso se deu por causa do mistério da Trindade, que viria a se manifestar nos últimos tempos.
Os adoradores de Deus, tendo já determinado, anteriormente, esses espaços espirituais de oração, dedicavam-se a ela conforme modalidades específicas e horários fixos. Em seguida, a realidade manifestou que, claramente, era um sinal o fato que, já antigamente, os justos orassem assim. Na verdade, na hora terceira desceu sobre os discípulos o Espírito Santo, cumprindo assim a graça prometida pelo Senhor. Portanto, a Pedro, que tinha subido à parte de cima da casa na hora sexta, foi indicado, por meio de um sinal e da voz de advertência de Deus, que fosse permitida, a todos, a graça da salvação, visto que, antes, ele duvidava se devia batizar os gentios. O próprio Senhor, na hora sexta, foi crucificado e na nona lavou, com o Seu sangue, os nossos pecados, conseguindo a vitória com Sua paixão, para nos redimir e dar a vida.
Mas para nós, amadíssimos irmãos, além das horas observadas outrora, aumentaram, nos dias atuais, os tempos e os significados da prece. De fato, devemos rezar ao amanhecer para celebrar, com a oração matinal, a ressurreição do Senhor. É necessário rezar novamente ao pôr do sol, quando morre o dia: de fato, uma vez que Cristo é o verdadeiro sol e o verdadeiro dia, quando oramos ao crepúsculo, pedindo que surja novamente sobre nós a luz, na realidade imploramos o advento de Cristo, que nos trará a graça da luz eterna. Nos Salmos, Cristo é chamado dia pelo Espírito Santo. Ora, se nas Sagradas Escrituras Cristo é o verdadeiro sol e o verdadeiro dia, não há nenhum momento em que os cristãos não devam adorar a Deus. Por conseguinte, nós que estamos em Cristo, ou seja, no verdadeiro sol e no verdadeiro dia, devemos perseverar o dia todo na oração. Quando, em seguida, retorna a noite, as trevas não podem causar dano algum aos que oram, uma vez que, para os filhos da luz, até a noite resplandece como o dia. Como pode não ser iluminado quem possui a luz no coração? E como pode não haver sol e dia, para aquele cujo dia e sol é Cristo?
Responsório Tg 5,16; 1Ts 5,17.18
R. Rezem uns pelos outros, para serem curados;
* A oração do justo, feita com insistência, tem muita força.
V. Rezem sem cessar; porque esta, de fato,
é a vontade de Deus em Jesus Cristo.
* A oração do justo.
Oração
Ó Deus, pela vossa graça, nos fizestes filhos da luz. Concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas brilhe em nossas vidas a luz da vossa verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.