Primeira leitura
Do Primeiro Livro de Samuel 4,1-18
Captura da Arca de Deus e morte de Eli
1A palavra de Samuel dirigia-se para todo o Israel. Ora, Israel saiu ao encontro dos filisteus para o combate. Acamparam perto de Ebenezer, enquanto os filisteus estavam acampados em Afec. 2Os filisteus colocaram-se em linha de batalha contra Israel e, no terrível combate, Israel foi vencido pelos filisteus que mataram por ocasião dessa batalha em campo aberto cerca de quatro mil homens. 3O povo voltou ao acampamento e os anciãos de Israel disseram: “Por que Deus hoje permitiu que fôssemos vencidos pelos filisteus? Vamos a Silo buscar a Arca da aliança do Senhor: que venha para o meio de nós e nos salve da mão dos nossos inimigos.” 4O povo mandou homens a Silo, e de lá trouxeram a Arca da aliança do Senhor dos Exércitos, entronizado entre os querubins; lá se encontravam os dois filhos de Eli, Hofni e Fineias, com a Arca da aliança de Deus. 5Quando a Arca da aliança do Senhor chegou ao acampamento, todo o Israel lançou um forte brado a ponto de tremer a terra. 6Os filisteus ouviram o barulho do brado e disseram: “Que significa esse forte brado no acampamento dos hebreus?”, e souberam que a Arca do Senhor tinha chegado ao acampamento.7Então os filisteus se encheram de medo, porque diziam: “Deus veio ao acampamento!” E diziam: “Ai de nós, porque tal coisa nunca aconteceu antes! 8Ai de nós! Quem nos livrará das mãos desse Deus poderoso? Foi ele que afligiu o Egito com toda espécie de pragas no deserto. 9Sede fortes, filisteus, e agi como homens, para que não vos torneis seus escravos, como eles foram vossos escravos: agi como homens e lutai!” 10Os filisteus lutaram, Israel foi vencido, e cada um fugiu para a sua tenda. Foi grande a derrota, pois foram mortos trinta mil homens a pé, do lado de Israel. 11A Arca de Deus foi tomada e foram mortos os dois filhos de Eli, Hofni e Fineias.
12Então correu um homem de Benjamin, vindo das fileiras, e chegou a Silo no mesmo dia, as vestes rasgadas e a cabeça coberta de terra. 13Quando chegou, Eli estava assentado na sua cadeira, à beira do caminho que ele vigiava, porque o seu coração tremia pela Arca de Deus. O homem veio trazer a notícia à cidade, e toda a cidade encheu-se de clamor. 14Eli ouviu o clamor e perguntou: “Que significa esse grande ruído?” O homem se apressou e veio dar a notícia a Eli. - 15Estava Eli com noventa e oito anos, tinha os olhos parados e não podia mais ver. - 16O homem disse a Eli: “Estou chegando das linhas; fugi das fileiras hoje mesmo”. Perguntou-lhe Eli: “Que aconteceu, meu filho?” 17O mensageiro respondeu: “Israel fugiu diante dos filisteus e foi grande a derrota para o povo; os teus dois filhos, Hofni e Fineias, foram mortos, e a Arca de Deus foi tomada”. 18À menção da Arca de Deus, Eli caiu da cadeira para trás, contra uma parte da porta, quebrou o pescoço e morreu, porque o homem era já velho e pesado. Ele tinha julgado Israel durante quarenta anos.
Responsório Sl 105,40.41.45.2
R. Então se inflamou contra seu povo a cólera divina, e Deus os entregou nas mãos das nações pagãs, e foram dominados pelos que os odiavam.
* Em favor deles lembrou-se de sua aliança, e por sua misericórdia deles se apiedou.
V. Quem contará os poderosos feitos do Senhor? Quem poderá apregoar os seus louvores?
* Em favor deles.
Segunda leitura
Do Tratado “sobre a Oração do Senhor”, de São Cipriano, bispo e mártir
(Nn. 30-31)
(Séc. III)
Nada antepor a Cristo
Certamente, o Senhor orava e intercedia, não para si que pediria, se era inocente? - mas pelos nossos pecados. Ele próprio declarou a Pedro: eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça (Lc 22,31-32). Pouco depois, rogou ao Pai por todos, dizendo: Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim, para que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós (Jo 17,20-21).
Imensa benignidade e misericórdia de Deus para nossa salvação! Não contente de nos redimir com seu sangue, ainda quis, com tanta generosidade, rezar por nós. Considerai o seu desejo enquanto orava: que, do mesmo modo como o Pai e o Filho são um, assim também nós permaneçamos na mesma unidade. Pode-se entender o quanto erra quem rompe com a unidade e a paz, já que por elas o Senhor orou, justamente, desejando que seu povo tivesse a vida, sabendo que a discórdia não pode alcançar o reino de Deus.
Então, quando oramos, queridos irmãos, devemos estar vigilantes e mergulhar nossos corações na oração. Devemos afastar cada pensamento carnal e mundano e pensar apenas no objeto de sua oração. Por isso, antes do pai-nosso, o sacerdote prepara a mente dos irmãos com uma introdução, dizendo: “Corações ao alto”, de modo que, respondendo a assembleia: “Nosso coração está em Deus”, esteja claro que em nada mais se deve pensar, senão no Senhor.
É necessário fechar o coração ao adversário e abrilo somente para Deus; não se deve deixar que o inimigo de Deus entre nele no momento de oração. Na verdade, muitas vezes ele vem de surpresa, penetra e habilmente desvia de Deus as nossas orações, de modo que temos uma coisa em nosso coração e outra em nossa voz. Porém, com pura intenção, não é o som de nossa voz que deve rezar ao Senhor, mas o sentimento e o afeto. Como somos frívolos, distraídos por pensamentos fúteis e profanos enquanto rezamos ao Senhor; porque não há nada mais importante que prestar atenção no que se está falando com Deus! Como podes pedir para ser ouvido por Deus, se tu mesmo não te escutas? Queres que o Senhor se lembre de ti quando oras, enquanto não estás atento a ti mesmo? Isso não significa, realmente, proteger-se contra o maligno; isso é, quando oras, ofender a majestade divina com a negligência na oração; isso é vigiar com os olhos e dormir com o coração, enquanto o cristão, mesmo quando dorme, deve manter o coração vigilante.
Responsório Jr 29,12.13; Lc 11,9
R. Então me invocareis e eu vos ouvirei;
buscar-me-eis, e me achareis,
* Quando me buscardes de todo o vosso coração.
V. Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis:
* Quando.
Oração
Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que firmais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.